Gerente do hotel, Ruth Thomann, afirmou ao jornal suíço Blick que os cartazes foram retirados e negou qualquer motivação antissemita (Emmanuel Navon / Twitter/Reprodução)
AFP
Publicado em 15 de agosto de 2017 às 10h34.
Um hotel suíço fixou um cartaz que pedia aos clientes judeus que tomassem uma ducha antes de entrar na piscina, o que provocou uma grande polêmica em Israel, que exigiu desculpas oficiais.
O Aparthaus Paradies, na localidade de Arosa, nos Alpes suíços, recebe há vários anos muitos clientes, ultraortodoxos em particular, procedentes do Reino Unido, Estados Unidos e Israel, informou a imprensa suíça, que revelou o caso.
Mas a direção do estabelecimento, que ao que parece pretendia recordar as normas de higiene aos usuários da piscina, apontou especificamente contra os "clientes judeus" depois de receber reclamações a respeito de duas jovens judias que entraram na água sem passar pela ducha antes, informou o jornal The Times of Israel.
"A nossos clientes judeus, mulheres, homens e crianças, pedimos que tomem uma ducha antes de nadar. Caso não respeitem a norma, seremos obrigados a fechar a piscina par vocês. Obrigado por sua compreensão", afirma o cartaz.
Outro cartaz colocado no freezer do hotel também se dirigia exclusivamente aos hóspedes judeus, autorizados pela gerência a armazenar alimentos kosher.
"Aos nossos clientes judeus: podem ter acesso ao freezer somente nos seguintes horários: 10H00-11H00 e 16H30-17H30. Espero que compreendam que nossa equipe não gosta de ser incomodada o tempo todo".
Um cliente fotografou os cartazes e compartilhou as imagens nas redes sociais, o que provocou uma grande revolta em Israel. A vice-ministra das Relações Exteriores, Tzipi Hotovely, exigiu desculpas oficiais por este "ato antissemita do pior tipo".
A gerente do hotel, Ruth Thomann, afirmou ao jornal suíço Blick que os cartazes foram retirados e negou qualquer motivação antissemita.
"Atualmente, temos muitos clientes judeus e percebi que alguns não tomam a ducha antes de nadar", disse.
"Como outros clientes pediram que fizesse algo, escrevi o cartaz, um pouco ingenuamente", admitiu.
"Teria sido melhor ter feito o pedido a todos os clientes do hotel".
O ministério suíço das Relações Exteriores afirmou em um comunicado que destacou ao embaixador de Israel que a Suíça "condena o racismo, o antissemitismo e qualquer discriminação".
O Centro Simon Wiesenthal, com sede em Los Angeles e que trabalha para preservar a memória do Holocausto, pediu à ministra suíça da Justiça, Simonetta Sommaruga, o "fechamento do hotel do ódio e sanções a sua administração".
Também solicitou ao site de reservas Booking.com que retire o Aparthaus Paradies de sua relação e que a comunidade judaica inclua o estabelecimento em sua lista negra.