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Hong Kong realiza eleições no domingo sob olhar atento da China

Chefe do Executivo da ex-colônia britânica, que voltou em 1997 sob as asas de Pequim, será designado por um comitê central de 1.194 membros representativos

Candidatos às eleições de Hong Kong: grupo democrata classifica o processo eleitoral de farsa (Tengku Bahar/AFP)

Candidatos às eleições de Hong Kong: grupo democrata classifica o processo eleitoral de farsa (Tengku Bahar/AFP)

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AFP

Publicado em 23 de março de 2017 às 09h08.

Hong Kong designará domingo seu próximo chefe de governo em uma eleição inclinada para o lado de Pequim, o que aumenta as linhas de divisão política na antiga colônia britânica.

O grupo democrata classifica o processo eleitoral de farsa, num momento em que as perspectivas de reformas políticas no território semiautônomo parecem mais distantes do que nunca.

O chefe do Executivo da ex-colônia britânica, que voltou em 1997 sob as asas de Pequim, será designado por um comitê central de 1.194 membros representativos de grupos de interesse em grande parte coincidentes com o governo chinês. Apenas um quarto destes eleitores são simpatizantes do grupo pró-democracia.

Após as grandes manifestações do outono de 2014, os democratas haviam pedido a Pequim a instauração de um verdadeiro sufrágio universal para a eleição do chefe de governo.

Mas a China não cedeu um palmo: de fato, muitos habitantes do enclave têm a impressão de que Pequim aumentou sua intervenção em âmbitos como a política, a imprensa ou a educação.

A ex-chefe adjunta de Governo Carrie Lam é considerada a favorita do governo chinês e certos membros do establishment informaram sobre pressões para votar a seu favor.

Lam foi muito criticada pelos democratas por ter apoiado o projeto de reformas políticas defendido por Pequim que desencadeou o movimento de 2014, batizado como "a revolução dos guarda-chuvas".

"Falsa democracia"

O projeto instaurava o sufrágio universal para a eleição de 2017, mas a reforma finalmente foi enterrada.

Para seus opositores, Lam é sócia do chefe do governo em fim de mandato, o detestado Leung Chun-ying, considerado um fantoche de Pequim.

Seu principal rival é John Tsan, ex-ministro das Finanças e encarado como mais moderado. Os democratas apostam nele como o menor dos males e, de fato, não apresentaram candidato para não dividir o voto e poder provocar um curto-circuito em Lam. Tsang se apresenta como o candidato de união e é o favorito nas pesquisas.

Mas muitos jovens ativistas contestam a legitimidade das eleições e falam de uma "falsa democracia".

Joshua Wong, que se converteu no rosto visível da "revolução dos guarda-chuvas", rejeita todos os candidatos e anunciou que participará de uma manifestação prevista para domingo.

As eleições são "uma seleção, mais que uma eleição", explica à AFP o estudante de 20 anos. "Ninguém pode negar que Carrie Lam seja a pior, mas isso não significa que possamos deixar de lado nossos princípios e apoiar (outros) candidatos pró-China".

De qualquer forma, a margem de manobra do vencedor com a China será escassa, já que o chefe do Executivo sempre pisará em ovos para agradar Pequim, considera Yvonne Chiu, professora da Universidade de Hong Kong.

A ex-colônia goza, teoricamente, de uma série de liberdades desconhecidas na China continental em virtude do princípio "um país, dois sistemas" acordado na retrocessão do enclave e em vigor até 2047. Mas, na prática, Hong Kong segue dependendo fortemente das ordens de Pequim.

Por isso, a revolta dos guarda-chuvas, que defende sem rodeios a independência, enfureceu em seu nascimento e segue irritando as autoridades chinesas.

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