Mundo

Hong Kong inclui penas severas e mais poder para coibir motim em novo projeto de lei

Documento é visto como novo passo na repressão à oposição política

Hong Kong: grupos de polícia reprime protesto no centro da cidade  (Michael Ho Wai Lee/Getty Images)

Hong Kong: grupos de polícia reprime protesto no centro da cidade (Michael Ho Wai Lee/Getty Images)

Estadão Conteúdo
Estadão Conteúdo

Agência de notícias

Publicado em 8 de março de 2024 às 16h50.

Hong Kong apresentou nesta sexta-feira, 8, uma proposta de lei que ameaça com a sentença de prisão perpétua os residentes que "colocam em perigo a segurança nacional", aprofundando as preocupações sobre a erosão das liberdades da cidade, quatro anos depois de Pequim ter decretado uma lei similar que praticamente eliminou a dissidência pública.

O documento é visto como o mais novo passo na repressão à oposição política que se intensificou depois de a cidade semiautônoma chinesa ter sido abalada por violentos protestos pró-democracia em 2019.

Desde então, as autoridades esmagaram a outrora vibrante cena política da cidade. Muitos dos principais ativistas pró-democracia da cidade foram presos e outros fugiram para outros países. Dezenas de grupos da sociedade civil foram dissolvidos e veículos de comunicação, como o Apple Daily e o Stand News, foram desativados.

O chefe do Executivo de Hong Kong, John Lee, pediu aos parlamentares que aprovassem o projeto de lei de salvaguarda da segurança nacional com celeridade. Os políticos começaram o debate horas após o projeto ter sido divulgado publicamente.

O projeto proposto ampliará o poder do governo para lidar com questões como espionagem, a divulgação de segredos de Estado e o "conluio com forças externas" para cometer atos ilegais, entre outros.

A proposta dele prevê que pessoas que danifiquem estruturas públicas de infraestrutura com a intenção de colocar em perigo a segurança nacional poderão ser presas por um período de 20 anos - ou durante toda a vida, se conspirarem em conjunto com uma força externa. Em 2019, manifestantes ocuparam o aeroporto e danificaram estações ferroviárias.

Da mesma forma, aqueles que promoverem revoltas enfrentarão pena de prisão de sete anos, mas o conluio com uma força externa para praticar tais atos aumentará a punição para 10 anos.

Na quinta-feira, um tribunal de recurso manteve a condenação por incitação de motim contra um ativista pró-democracia por entoar slogans e criticar a Lei de Segurança Nacional de 2020 decretada por Pequim durante a campanha política.

A definição abrangente de forças externas inclui governos e partidos políticos estrangeiros, organizações internacionais e "qualquer outra organização num local externo que tenha fins políticos" - bem como empresas influenciadas por tais forças. Pequim disse que os distúrbios de 2019 foram apoiados por forças externas e que o governo da cidade condenou o que chamou de interferência externa durante os protestos.

O projeto permite processos judiciais por atos cometidos em qualquer lugar do mundo para a maioria dos crimes.

Os críticos dizem que o projeto proposto tornará Hong Kong ainda mais parecido com a China continental.

A União Europeia disse que o projeto de lei cobre "uma gama ainda mais ampla" de crimes do que o divulgado anteriormente, incluindo proibições mais extensas sobre interferência externa e disposições muito mais rígidas sobre sentenças.

"A legislação ameaça exacerbar a erosão das liberdades fundamentais em Hong Kong provocada, em particular, pela Lei de Segurança Nacional de 2020", afirmou.

No entanto, Pequim insistiu que o projeto de lei equilibra a manutenção da segurança com a salvaguarda dos direitos e liberdades. O governo da cidade disse que era necessário evitar a recorrência dos grandes protestos antigovernamentais que abalaram a cidade em 2019, insistindo que o projeto afetaria apenas "uma minoria extremamente pequena" de residentes desleais.

Acompanhe tudo sobre:Hong KongChina

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia