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Hong Kong ameaça entrar em residências para fazer testes de Covid-19

Cidade registrou mais ondas do que muitos outros lugares e agora conduz uma rodada prolongada de restrições de distanciamento social

Hong Kong recorre a "confinamentos inesperados" para frear avanço da covid-19 (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

Hong Kong recorre a "confinamentos inesperados" para frear avanço da covid-19 (Bloomberg / Colaborador/Getty Images)

FS

Fabiane Stefano

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 15h30.

Última atualização em 2 de fevereiro de 2021 às 15h31.

Hong Kong ameaça entrar nas casas de residentes que não responderem às autoridades que conduzem blitz de testes obrigatórios como forma de controlar a persistente onda de casos de coronavírus no inverno. “O governo pode tomar medidas legais, incluindo a remoção de indivíduos ou solicitar a um magistrado um mandado para invadir e entrar à força em uma unidade”, disseram autoridades em comunicado na terça-feira.

O centro financeiro asiático tenta conter a quarta onda de Covid-19 com lockdowns específicos, com o isolamento de uma área e restrição da mobilidade até que residentes recebam resultados negativos. Segundo o governo, algumas pessoas estariam evitando deliberadamente os testes em áreas que variam de bairros densamente povoados a apenas alguns edifícios.

Durante medidas de isolamento que não foram anunciadas em quatro distritos de Hong Kong na noite de segunda-feira, em cerca de 17% das 680 residências visitadas pelos policiais os moradores não abriram a porta, de acordo com cálculos da Bloomberg. O governo disse que não encontrou nenhum caso positivo após testar quase 1.700 residentes.

‘Estilo emboscada’

Hong Kong, uma cidade densamente povoada de 7,5 milhões de habitantes, foi relativamente pouco afetada pelo coronavírus em comparação com outros grandes centros financeiros. A cidade registrou menos de 10.500 casos no total e apenas 182 mortes desde o início da pandemia.

Mas Hong Kong, que já registrava casos de Covid-19 no início de 2020 quando o patógeno começava a se propagar pelo mundo, registrou mais ondas do que muitos outros lugares e agora conduz uma rodada prolongada de restrições de distanciamento social. Residentes e proprietários de empresas, que esperam ansiosos pelo fim da recessão provocada por meses de protestos seguidos pela pandemia, agora enfrentam o que a chefe do Executivo, Carrie Lam, chamou de “operações estilo emboscada”.

Autoridades de Hong Kong realizaram oito operações e testaram cerca de 10.000 pessoas desde 23 de janeiro, mas só encontraram um total de 14 casos positivos de coronavírus. Os últimos seis “mini-lockdowns” não descobriram nenhum caso positivo.

Em meio a várias críticas de que a tática de mini-lockdown não foi eficaz, Lam defendeu os métodos do governo na terça-feira. Ela disse que a tática é apenas uma medida preventiva entre muitas e que o número de casos confirmados descobertos não era a única medida de sucesso.

“Não podemos realmente medir a eficácia dessas operações pelo número de casos identificados”, disse Lam em conferência semanal antes de reunião do Conselho Executivo consultivo. “Não acho que seja um desperdício de recursos.”

Preocupação de Pequim

Essas blitzes de testes direcionados não devem substituir outros esforços para rastrear e testar pessoas em toda a cadeia de transmissão, disse Leung Chi-chiu, ex-presidente do comitê consultivo da Associação Médica de Hong Kong para doenças transmissíveis.

“Lockdowns por 12 horas e testes não podem detectar casos em incubação”, disse Leung. “É importante evitar dar uma falsa sensação de segurança. Se isso atrasar a realização de um novo teste para qualquer residente com novos sintomas, poderá causar outro surto embaraçoso.”

Em seu discurso na terça-feira, Lam disse que o presidente chinês Xi Jinping expressou preocupação com a atual onda de infecções em Hong Kong em teleconferência na semana passada.

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