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Hong Kong acusa EUA de "dois pesos e duas medidas" na resposta a protestos

"Existem tumultos nos EUA e vemos como os governos locais reagiram. Em Hong Kong vemos a posição que eles adotam", criticou a chefe do Executivo

Protestos nos Estados Unidos contra a violência policial e o racismo (BRIDGET BENNETT/AFP)

Protestos nos Estados Unidos contra a violência policial e o racismo (BRIDGET BENNETT/AFP)

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AFP

Publicado em 2 de junho de 2020 às 08h38.

A chefe do Executivo de Hong Kong, Carrie Lam, acusou os Estados Unidos de "dois pesos e duas medidas" em sua resposta aos protestos e alertou que as restrições dos EUA ao território semiautônomo chinês afetarão "seus próprios interesses".

No ano passado, entre junho e dezembro, a ex-colônia britânica experimentou o maior movimento de protesto contra a tutela de Pequim desde 1997, quando voltou à soberania chinesa.

As manifestações foram frequentemente violentas, com confrontos entre radicais e forças de choque, que prenderam mais de 9.000 pessoas.

Washington é muito crítico com relação à resposta das autoridades de Hong Kong às manifestações do movimento pró-democracia.

Na semana passada, o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou sua intenção de pôr fim às medidas comerciais preferenciais acordadas com Hong Kong, em represália a uma lei de segurança nacional que Pequim deseja impor.

"Vimos claramente nas últimas duas semanas o duplo padrão aplicado", disse Carrie Lam a repórteres.

"Você sabe que existem tumultos nos Estados Unidos e vemos como os governos locais reagiram. E, então, em Hong Kong, quando temos tumultos similares, vemos a posição que eles adotam", criticou Carrie.

As autoridades da China e de Hong Kong citaram os recentes distúrbios nos Estados Unidos para justificar uma repressão de um ano ao movimento pró-democracia e o projeto de lei sobre segurança em território semiautônomo.

Os Estados Unidos estão liderando as críticas internacionais a essa lei de segurança nacional chinesa, aprovada pelo Parlamento de Pequim na semana passada.

O texto prevê punir atividades separatistas e "terroristas", subversão, ou mesmo ingerência estrangeira na ex-colônia britânica.

Seguindo o princípio de "um país, dois sistemas", Hong Kong se beneficia de ampla autonomia, liberdade de expressão e Justiça independente desde seu retorno à soberania chinesa.

Agora, o movimento pró-democracia considera o projeto de lei o ataque mais sério à sua autonomia.

A Lei Fundamental de Hong Kong, um texto que serve como uma miniconstituição, previa a aprovação dessa lei de segurança. Até então, as tentativas de aprová-lo haviam encontrado oposição da população.

"Nada pode justificar um governo, uma economia que impõe sanções a Hong Kong em resposta a um processo do governo central totalmente legítimo, das autoridades centrais que tomaram a decisão de promulgar leis para que Hong Kong proteja melhor a segurança nacional", insistiu Carrie Lam.

"Eles prejudicarão seus próprios interesses em Hong Kong", acrescentou, referindo-se às ameaças dos EUA de restringir os privilégios comerciais de Hong Kong.

Lam lembrou que há 1.300 empresas americanas em Hong Kong e que elas geram um superávit comercial maior para os Estados Unidos do que qualquer outro território.

Carrie Lam afirmou ainda que Hong Kong permite que os americanos entrem sem visto, mas que o mesmo não acontece na outra direção. Lam não disse, porém, se essa disposição poderá ser reavaliada em caso de sanções dos EUA.

Na segunda-feira, a China ameaçou adotar um "contra-ataque", após o anúncio de Donald Trump de uma série de sanções e restrições contra os interesses chineses.

O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse no mês passado que a China não está dando ao território seu "alto grau de autonomia", como havia prometido no acordo sino-britânico assinado antes da retrocessão.

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