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Honduras: candidato apoiado por Trump lidera votação presidencial

O candidato de direita Nasry Asfura, apoiado pelo presidente americano, tem 40,5% dos votos, uma vantagem de 1,5 ponto sobre Salvador Nasralla

Nasry Asfura: Trump ameaçou cortar ajuda ao país caso seu candidato preferido seja derrotado (JOHNY MAGALLANES/AFP)

Nasry Asfura: Trump ameaçou cortar ajuda ao país caso seu candidato preferido seja derrotado (JOHNY MAGALLANES/AFP)

Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 07h12.

O candidato de direita Nasry Asfura, apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lidera a apuração da eleição presidencial em Honduras.

Ele tem 40,5% dos votos, uma vantagem de 1,5 ponto sobre Salvador Nasralla, também de direita, segundo resultados parciais divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) após a votação do último domingo, 30.

A advogada de esquerda Rixi Moncada, candidata do partido governante Livre, está mais de 20 pontos atrás. Ela havia declarado que só reconheceria o resultado após a contagem total das urnas, processo que pode se estender por vários dias. Até oito horas após o encerramento da votação, apenas 42,65% das urnas tinham sido apuradas.

Interferência de Trump

Na véspera da eleição, Trump afirmou que Washington não “desperdiçará” recursos no país caso Asfura, conhecido como “Papi a la orden”, não seja eleito.

Nasralla, apresentador de televisão de 72 anos e candidato do Partido Liberal, disse acreditar que o resultado “vai mudar”.

Com um histórico de fraudes eleitorais e golpes de Estado, Honduras irá definir se renova o primeiro governo de esquerda ou se seguirá o caminho de países como Bolívia e Argentina, cujo presidente, Javier Milei, também declarou apoio a Asfura.

Quase 6,5 milhões de eleitores estavam habilitados a votar para presidente, além de deputados e prefeitos, em um pleito de turno único. O CNE não informou a taxa de participação.

A jornada de votação ocorreu de forma tranquila, segundo a missão de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA). O governo dos Estados Unidos afirmou que acompanha “de perto” o processo.

Honduras depende fortemente dos Estados Unidos: 60% da população de 11 milhões de habitantes vive na pobreza e as remessas de migrantes representam 27% do PIB. 

A campanha de Asfura

Asfura disputa a presidência pela segunda vez, após perder para Xiomara Castro em 2021. Nasralla concorre pela terceira vez.

Trump intensificou sua participação na reta final da campanha e disse que “Tito” Asfura é o “único verdadeiro amigo da liberdade”. Segundo o presidente americano, uma derrota do empresário deixaria o país sob o controle do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e “seus narcoterroristas”.

Trump também chamou Moncada de “comunista” que idolatra Fidel Castro e classificou Nasralla como “quase comunista”.

Na sexta-feira, ele prometeu conceder indulto ao ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, condenado em 2024 a 45 anos de prisão por narcotráfico nos Estados Unidos. Moncada afirmou no domingo que o perdão ao “chefão da droga” foi “tramitado” por elites locais. Asfura declarou que o tema “não tem relação com as eleições”.

A polarização atual é vista como desdobramento do golpe de Estado de 2009 contra Manuel Zelaya, marido de Xiomara Castro, deposto após aproximação com a Venezuela.

Os desafios do pós-eleição em Honduras

Durante a campanha, Asfura e Nasralla sinalizaram que pretendem retomar laços com Taiwan, após o governo Castro restabelecer relações com a China em 2023. As discussões sobre temas centrais para os hondurenhos, como pobreza, violência, corrupção e narcotráfico, ficaram em segundo plano na campanha.

O analista Manuel Orozco, do Diálogo Interamericano, afirmou à AFP que o principal desafio do próximo governo será o emprego, já que a informalidade está perto de 70%.

As eleições ocorreram sob estado de exceção parcial decretado em 2022. Para a analista Valeria Vásquez, da Control Risks, outro obstáculo será superar a “fragilidade” institucional e o controle político exercido pelo governo sobre o Ministério Público e as Forças Armadas.

*Com informações da AFP

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