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Homs lança "último grito de angústia"

A situação na Síria piora a cada dia diante do impasse da comunidade internacional sobre os meios para resolver a crise

Pelo 20º dia consecutivo, bairros de Homs foram violentamente bombardeados  (AFP)

Pelo 20º dia consecutivo, bairros de Homs foram violentamente bombardeados (AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de fevereiro de 2012 às 10h41.

Damasco - Os militantes sírios lançaram nesta quinta-feira um "último grito de angústia" dos bairros rebeldes da cidade de Homs (centro) bombardeados pelas forças do regime, no momento em que a comunidade internacional procura estabelecer uma trégua para levar ao país ajuda humanitária emergencial.

Em Homs existe ainda a incerteza sobre o destino dos corpos da americana Marie Colvin, jornalista do Sunday Times, e do fotógrafo francês Rémi Ochlik, mortos na quarta-feira em um bombardeio. Também há poucas informações sobre outros jornalistas feridos, como a francesa Edith Bouvier, devido à impossibilidade de comunicação.

A situação no país piora a cada dia diante do impasse da comunidade internacional sobre os meios para resolver a crise.

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos anunciou que dispõe de uma lista confidencial de autoridades políticas e militares suspeitas de estarem ligadas a crimes contra a Humanidade.

Pelo 20º dia consecutivo, bairros de Homs foram violentamente bombardeados, principalmente Baba Amr, que sofreu com explosões "aterrorizantes", segundo os militantes.

"Nós lançamos um último grito de angústia. As pessoas, se não forem mortas nos bombardeios, vão morrer de fome e sede", afirmou à AFP Omar Chaker, um militante.

Os ataques são tão intensos que torna difícil a comunicação com os militantes.

Todas as pessoas contactadas pela AFP não sabiam fornecer informações sobre o local onde estão os corpos de Marie Colvin e Rémi Ochlik.

A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) tenta se comunicar com seus contatos em Homs, mas "como os bombardeios são particularmente intensos, ninguém consegue subir no telhado para utilizar telefones via satélite", explicou um porta-voz.

Os ferimentos sofridos por Bouvier necessitam de intervenção cirúrgica, afirmou à AFP um funcionário do jornal Figaro.


O regime sírio negou nesta quinta-feira qualquer responsabilidade no caso, justificando que os dois jornalistas assumiram os riscos ao entrarem clandestinamente no país.

Mas, segundo militantes e o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o edíficio transformado em "centro de imprensa" onde estavam os jornalistas foi deliberadamente atingindo, depois que os aviões de reconhecimento "captaram sinais de transmissão".

A violência já causou a morte de pelo menos 7.600 pessoas, a maioria civis, em pouco mais de 11 meses de contestação, de acordo com o OSDH.

"As pessoas morrem aos milhares (...), o regime de Assad continua agindo impunemente", declarou o chanceler britânico William Hague nesta quinta-feira à BBC.

Ele indicou que deseja discutir durante o encontro de Túnis, que reunirá na sexta-feira os representantes de mais de 50 países, com a exceção notável da Rússia, o "envio de uma mensagem clara" para Damasco e pedir que a oposição se una em vista de um eventual reconhecimento.

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que recebeu na quarta-feira em Genebra membros do Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição, fez um apelo por tréguas diárias de duas horas para permitir a entrada de ajuda humanitária, uma ideia aprovada pela Rússia, que continua a se opor aos "corredores humanitários" propostos por Paris.

Damasco acusou na quarta-feira as sanções econômicas ocidentais e os rebeldes de serem responsáveis pela deterioração da situação sanitária do país.

Diante do aumento da violência, o CNS pediu a criação de "áreas de proteção" e sua porta-voz, Basma Kodmani, estimou que uma intervenção militar "pode ser a única opção".

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