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Homossexualidade começa a deixar de ser um tabu no futebol feminino

Copa do Mundo de futebol feminino, na Alemanha, chama a atenção para o silêncio sobre o homossexualismo

Nadine Angerer, da seleção alemã de futebol feminino: goleira assumiu sua bissexualidade publicamente (AFP)

Nadine Angerer, da seleção alemã de futebol feminino: goleira assumiu sua bissexualidade publicamente (AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de junho de 2011 às 13h38.

Wolfsburgo - Apesar das enormes diferenças entre os países e das diversas pressões para mantê-la oculta, a homossexualidade começa a deixar de ser um tabu no futebol feminino, que neste aspecto parece estar um passo à frente da categoria masculina.

Se na Copa do Mundo da África do Sul em 2010 nenhum dos participantes era abertamente gay ou bissexual, na Copa do Mundo feminina da Alemanha-2011 (que acontecerá de 26 de junho a 17 de julho) há jogadoras que já assumiram sua preferência por pessoas do mesmo sexo.

A equipe que melhor serve de exemplo é a Alemanha, anfitriã do Mundial e atual bicampeã da competição. A goleira Nadine Angerer, 32 anos, eleita em 2010 a melhor do mundo na posição, foi uma das que revelaram à imprensa de seu país a sua bissexualidade.

A notícia causou alvoroço na Alemanha, onde o futebol feminino possui grande popularidade, e gerou um debate sobre o silêncio existente a respeito do futebol masculino.

A atleta Ursulla Holl, reserva de Angerer, já havia se assumido como lésbica e em 2010 se uniu civilmente a sua companheira Carina, em Colônia. A imprensa alemã especulou bastante sobre outras relações afetivas existentes entre as jogadoras da seleção, mas as protagonistas dos casos nada confirmaram.

O presidente da Federação Alemã de Futebol (DFB), Theo Zwanziger, deu apoio a "saída do armário" de Angerer.

Indo para outros países, destaca-se o caso de Hope Powell, treinadora da seleção inglesa e eleita a 68ª na lista dos 100 homossexuais mais influentes do Reino Unido, elaborada em 2010 pelo jornal The Independent.

Vale lembrar ainda outras jogadoras que se assumiram como lésbicas ou bissexuais. É o caso da alemã Martina Voss, 125 vezes convocada para a seleção nacional, das noruegueses Bente Nordby e Lisa Medalen, e da ex-capitã da equipe francesa, Marinette Pichon.

Em outros esportes, a homossexualidade feminina é representada por atletas como as tenistas Martina Navratilova e Amelie Mauresmo e pelas jogadoras de handball Gro Hammerseng e Katja Nyberg.


Mas nem todos os países se encontram na mesma situação. Em alguns, o tema é um assunto silenciado e em outros a atitude recebe reações hostis, como no caso da Nigéria.

"A homossexualidade não tem uma causa física. Necessitamos da intervenção divina para controlar e lutar contra ela", disse Eucharia Uche, treinadora da seleção feminina da Nigéria, que considerou a orientação sexual como "suja".

Uche garantiu que atualmente não há lésbicas na sua equipe e que no passado "combateu o problema" com pastores religiosos e assessoria espiritual.

Em resposta às palavras da nigeriana, os organizadores do Mundial feminino anunciaram que irão analisar se alguma jogadora daquele país foi vetada da equipe por causa da sua orientação sexual.

O início da Copa do Mundo 2011 coincide neste final de semana com a celebração anual da Parada Gay de Berlim, que este ano ressalta a necessidade de se combater a homofobia no esporte e que recebeu um "cartão vermelho" simbólico.

Aproveitando a coincidência de datas, o Museu Gay de Berlim organizou uma exposição coletiva de artistas da atualidade sobre o tema do conflito e a relação entre o futebol e a homossexualidade.

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