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Hollande vence Sarkozy, o último derrotado pela crise na Europa

Hollande não perdeu tempo em confirmar que chega à presidência da França para 'dar à construção europeia uma dimensão de crescimento e emprego'

Hollande agradeceu a todos que fizeram sua vitória possível e disse que Nicolas Sarkozy merece "todo o nosso respeito" (Getty Images)

Hollande agradeceu a todos que fizeram sua vitória possível e disse que Nicolas Sarkozy merece "todo o nosso respeito" (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 6 de maio de 2012 às 18h48.

Paris - O socialista François Hollande se tornou neste domingo o novo presidente da França ao derrotar Nicolas Sarkozy, o último dos líderes vencidos pela crise que atinge a Europa, e recuperou a chefia do Estado para a esquerda.

Hollande não perdeu tempo em confirmar que chega à presidência da França para 'dar à construção europeia uma dimensão de crescimento e emprego', mensagem dirigida claramente à Alemanha, e em linha com sua expressada intenção de incorporar ao pacto de rigor fiscal um elemento para sair da crise.

'E é o que direi o mais breve possível a nossos sócios europeus e, em primeiro lugar, à Alemanha', detalhou Hollande em suas primeiras declarações em Tulle, no centro do país, antes de viajar a Paris para comemorar sua vitória.

Referência histórica dos valores republicanos e autêntico totem da esquerda, milhares de franceses invadiram a Praça da Bastilha e deram aos fotógrafos imagens que ficarão, sem dúvida, impressas nos livros de história do país.

Essa talvez tenha sido a maior prova da 'reviravolta ideológica' proposta por Hollande para um país que, no prazo de um ano, viveu com assombro a perda da credibilidade de suas finanças na visão das agências de qualificação econômica, que rebaixaram sua nota.

No entanto, Hollande renovou seus votos com o ideário republicano: 'Não somos um país qualquer do planeta, somos a França. E como presidente da República me corresponderá levar as aspirações do povo francês: a paz, a liberdade, a responsabilidade', declarou.

O socialista chega ao poder após um processo de eleições primárias em seu partido marcado pela polêmica causada no ano passado pela saída da corrida de Dominique Strauss-Kahn, ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI), acusado de agressão sexual em um caso que ainda não foi encerrado.


Sem conhecer ainda os resultados oficiais, apenas os das estimativas das pesquisas, Hollande assumiu o cargo de chefe do Estado com o aval do reconhecimento da derrota que expressou rapidamente em público perante seus decepcionados simpatizantes o conservador Sarkozy.

O presidente em fim de mandato disse que 'nunca' esquecerá a honra de presidir o país e admitiu: 'Não consegui convencer a maioria de franceses (...) não consegui fazer ganhar os valores que defendi com vocês'.

'Assumo toda a responsabilidade por esta derrota', continuou o presidente, que acrescentou: 'Fiz todo o possível para fazer triunfar as ideias que nos unem'.

Obviamente não conseguiu e, faltando confirmação dos dados da apuração, que na França costuma ser uma tarefa lenta, a rejeição dos franceses lhe situou quatro pontos atrás do líder socialista.

Hollande alcança para a esquerda a segunda presidência da Quinta República, depois da passagem pela chefia do Estado de François Mitterrand (1981 e 1995) e consegue jogar por terra os alicerces de uma política econômica praticada por Sarkozy em coordenação, quando não em subordinação, com as diretrizes procedentes de Berlim.

O socialista reúne deste modo os apoios de uma França preocupada com seu futuro, complexada certamente por uma comparação desmedida com a Alemanha e com muitos franceses irritados pela forma de exercer a presidência de um Sarkozy cada vez mais perdido.

E Hollande entrará no Palácio do Eliseu sabendo que uma parte considerável de seus concidadãos deram seu voto no primeiro turno à candidata da ultradireitista Frente Nacional (FN), Marine Le Pen, cujos eleitores foram cortejados sem sucesso por Sarkozy para conseguir uma prorrogação de seu mandato.

A próxima etapa decisiva é precisamente o pleito legislativo de junho, convocação na qual Le Pen põe todas suas esperanças em provocar uma reviravolta no panorama político de um país preocupado com seu futuro econômico. EFE

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