Mundo

Hollande promete desmantelar acampamento de Calais

Diante do aumento da tensão entre os migrantes e os residentes da cidade, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, já havia anunciado o desmantelamento


	Calais: entre 7.000 e 10.000 migrantes, em sua maioria provenientes do Sudão e Afeganistão, vivem neste acampamento
 (Charles Platiau/Reuters)

Calais: entre 7.000 e 10.000 migrantes, em sua maioria provenientes do Sudão e Afeganistão, vivem neste acampamento (Charles Platiau/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 26 de setembro de 2016 às 10h02.

O presidente francês, François Hollande, prometeu nesta segunda-feira que o acampamento de migrantes de Calais será "completamente desmantelado", em meio à polêmica envolvendo um plano para transferi-los a centros espalhados por todo o país.

Em Calais, porto às margens do Canal da Mancha, que visitou pela primeira vez desde a sua eleição em 2012, Hollande pediu aos britânicos que "assumam sua parcela" de responsabilidade para resolver esta crise.

Entre 7.000 e 10.000 migrantes, em sua maioria provenientes do Sudão e Afeganistão, vivem neste acampamento, conhecido como "Selva", onde aguardam, em condições deploráveis, uma chance de cruzar para o Reino Unido.

Há alguns meses, o número de pessoas que vivem apinhadas neste acampamento, em condições deploráveis, duplicou.

"Estou determinado a fazer com que os britânicos participem do esforço humanitário que a França está realizando" em Calais, declarou Hollande.

Diante do aumento da tensão entre os migrantes e os residentes desta cidade do norte da França, o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, já havia anunciado o desmantelamento deste acampamento antes do inverno. "O governo irá até o fim", confirmou nesta segunda-feira François Hollande.

Hollande se reunirá nesta segunda-feira em Calais com políticos locais, ONGs e empresários, mas não está previsto que visite o acampamento de migrantes.

"Mini Calais"

A sete meses das eleições presidenciais, a imigração dominou a campanha de uma parte da direita com o objetivo de cortejar os eleitores da ultradireitista Frente Nacional, que segundo todas as pesquisas passaria ao segundo turno das presidenciais.

O ex-presidente Nicolas Sarkozy, candidato às primárias da direita, visitou Calais na semana passada e convocou a restabelecer os controles nas fronteiras para evitar que a França seja "afundada" pelos migrantes.

Sarkozy e seus simpatizantes multiplicam os ataques contra a política do governo socialista e criticam sobretudo a abertura anunciada de centros de migrantes em todo o território para acolher as milhares de pessoas evacuadas de Calais e de acampamentos informais em Paris.

Hollande, que até agora havia se mostrado discreto sobre o tema da imigração, entrou de cabeça no debate nos últimos dias.

No sábado visitou um dos 164 centros que abrirão suas portas e prometeu que a França "não será um país de acampamentos" de migrantes, em referência às críticas de uma parte da direita, que estima que este plano não solucionará o problema, mas que, pelo contrário, criará vários "mini Calais" em todo o país.

Em uma cidade do sudeste do país, um prefeito anunciou sua intenção de organizar um referendo para bloquear o projeto. Além disso, no sábado, várias centenas de pessoas se manifestaram em um subúrbio abastado de Paris contra a instalação destes centros de acolhida.

A França, que registrou 80.000 novos pedidos de asilo em 2015 diante de cerca de um milhão na Alemanha, é considerado fundamentalmente como um país de passagem para os migrantes.

Acompanhe tudo sobre:EuropaFrançaFrançois HollandeImigraçãoPaíses ricosPolíticos

Mais de Mundo

Votação antecipada para eleições presidenciais nos EUA começa em três estados do país

ONU repreende 'objetos inofensivos' sendo usados como explosivos após ataque no Líbano

EUA diz que guerra entre Israel e Hezbollah ainda pode ser evitada

Kamala Harris diz que tem arma de fogo e que quem invadir sua casa será baleado