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Hollande pede firmeza contra Dieudonné e comediante responde

Polêmica sobre o humorista francês Dieudonné aumentou com a intervenção do presidente da França, François Hollande

Humorista francês Dieudonné MBala MBala: humorista foi condenado definitivamente sete vezes por injúrias racistas (AFP/Getty Images)

Humorista francês Dieudonné MBala MBala: humorista foi condenado definitivamente sete vezes por injúrias racistas (AFP/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 7 de janeiro de 2014 às 12h13.

Paris - A polêmica sobre o humorista francês Dieudonné aumentou nesta terça-feira com a intervenção do presidente da França, François Hollande, e o contra-ataque nos tribunais do comediante, cujo primeiro espetáculo de sua nova turnê, em Nantes, já está proibido.

Hollande, que já tinha apoiado a ação do Executivo contra o humorista, condenado definitivamente sete vezes por injúrias racistas, voltou a se posicionar hoje a favor de que se proíbam seus espetáculos, pois entende que seus supostos ataques à dignidade das pessoas prevalecem sobre a liberdade de expressão.

"Contra os ataques aos princípios da República, contra o racismo, contra o antissemitismo, contra os problemas de ordem pública que as provocações indignas suscitam, contra as humilhações que representam as discriminações, peço aos representantes do Estado, e em particular aos delegados do governo, que fiquem atentos e sejam inflexíveis", declarou Hollande.

A reação do presidente da França acontece um dia depois que o Ministério do Interior enviou uma circular aos delegados do governo para explicar como impedir as representações do comediante sem atentar contra a liberdade de expressão.

O humorista anunciou através de seus advogados que denunciará nos tribunais o ministro do Interior, Manuel Valls, pelas acusações contra ele, por considerar que atentam contra sua honra.

Seus advogados, que ainda não interpuseram a denúncia, avançam também que apresentarão outras oito por difamação e outra por atentado contra a vida privada, embora não tenham definido contra quem cursarão suas queixas.

Dieudonné previa iniciar na quinta-feira uma turnê em Nantes, no oeste do país, com seu espetáculo "Le Murr", que já estreou em Paris e que espera levar a 22 cidades.


Apenas em Nantes já foram vendidas mais de 5 mil de 6 mil entradas a preços entre 32 e 43 euros (R$ 103 a R$ 140), mas nessa cidade o delegado do governo já assinou a ordem de proibição do espetáculo.

O governo tenta evitar que o humorista suba a qualquer palco e várias cidades, como Bordeaux, Paris, Nancy, Metz, Limoges e Tours já adiantaram que seguirão as recomendações do Ministério do Interior.

Enquanto segue o debate na França entre os limites da liberdade de expressão, a censura prévia e os ataques à dignidade das pessoas, o Estado acelera os trâmites para tentar que Dieudonné pague as multas de dezenas de milhares de euros às quais foi condenado por injúrias racistas.

O bem-sucedido comediante se declara sistematicamente insolvente, já que sua namorada e sua mãe aparecem como beneficiadas das apresentações, peças de marketing e outros produtos de Dieudonné M'Bala M'Bala, francês de origem camaronesa.

Hollande, assim como os ministros de Interior e de Justiça, chamou às autoridades a garantir que "as sanções sejam plenamente executadas porque está em jogo a credibilidade da Justiça e a autoridade do Estado".

A Justiça, que exige mais de 65 mil euros de Dieudonné, abriu uma investigação sobre uma possível organização fraudulenta de insolvência.

Dieudonné tem mais de 20 anos de carreira artística, mas só na última década fez das brincadeiras contra a comunidade judaica sua marca registrada.

A polêmica que levou o governo a tentar vetar o humorista eclodiu em dezembro, quando fez uma piada envolvendo dois jornalistas judeus e as câmaras de gás.

Pouco depois, o enfrentamento ganhou relevância através do jogador francês Nicolas Anelka, amigo do humorista, que celebrou na Inglaterra um gol com o gesto conhecido como a "quenelle", que virou a marca de Dieudonné.

O gesto é feito com um braço estendido em direção ao chão e atravessar a mão contrária sobre o ombro, no que algumas associações detectam uma alusão à saudação nazista e que os seguidores de Dieudonné descrevem como um gesto "antisistema" e não antissemita.

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