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Holanda aproveita papel higiênico "usado" para construir ciclovia

Buscando extrair valor do esgoto, projeto encontrou uma forma de dar vida nova às toneladas de papel higiênico descartadas no país

 (nito100/Thinkstock)

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Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 7 de outubro de 2017 às 07h17.

Última atualização em 7 de outubro de 2017 às 07h17.

São Paulo - Quando você pressiona a descarga do vaso sanitário, provavelmente a última coisa que você pensa é que o papel higiênico usado poderia, um dia, virar uma ciclovia, não é mesmo?

Pois acredite, é o que está acontecendo em um dos paraísos mundiais para ciclistas — a Holanda. Buscando extrair valor do esgoto, um projeto piloto em uma estação de tratamento do país encontrou uma forma de transformar o papel descartado em material para ser usado na construção de ciclovias.

Funciona assim: com ajuda de uma peneira industrial, todas as fibras da celulose que formam o papel higiênico são retiradas das águas residuais, para em seguida serem limpas, esterilizadas e branqueadas.

O resultado é um material macio que pode ser misturado ao asfalto para dar mais permeabilidade ao solo, aumentando a absorção de água da chuva e a durabilidade da pista.

A implementação e acompanhamento do projeto começou no ano passado ao longo de um quilômetro da ciclovia que liga as cidades de Leeuwarden e Stiens e foi concluída em setembro deste ano, segundo o site CityLab. O próximo passo é expandir a investida para todo o país.

Considerando que a Holanda inteira gera toneladas de papel higiênico anualmente, o potencial para reaproveitamento é enorme, principalmente levando-se em conta a necessidade de manutenção dos mais de 30 mil quilômetros de rotas para bikes no país.

Por trás da empreitada estão as empresas holandesas CirTec, Esha Infra Solutions e a KNN Cellulose.

"A Holanda usa quase 180 mil toneladas de papel higiênico a cada ano, e sua preferência por papel higiênico de luxo confere ao esgoto alto potencial econômico para se retirar a celulose que é de qualidade superior", disse ao The Guardian Carlijn Lahaye, diretor da CirTec.

A celulose aproveitada a partir de resíduos, seja do esgoto ou lixo seco, é chamada de terciária, já que a madeira é a fonte primária e o papel é a secundária.

No método convencional de tratamento de esgoto, após a filtragem, as fibras de celulose seguiriam juntamente com a lama residual para incineração, sem nenhum tipo de aproveitamento. Com a investida, o papel higiênico usado ganha vida nova e apelo comercial.

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