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História mostra que impeachment de Trump pode ajudar democratas

Os republicanos alertaram os democratas que um impeachment contra Trump pode ter o efeito contrário politicamente. A história, no entanto, não confirma isso

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: eventual impeachment poderá se revelar positivo para os democratas (Kevin Lamarque/Reuters)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump: eventual impeachment poderá se revelar positivo para os democratas (Kevin Lamarque/Reuters)

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 5 de outubro de 2019 às 06h00.

Última atualização em 6 de outubro de 2019 às 12h31.

Citando sua experiência na década de 1990, membros do Partido Republicano alertaram democratas que um processo de impeachment contra Donald Trump sobre a relação do presidente dos Estados Unidos com a Ucrânia pode ter o efeito contrário politicamente. A história, no entanto, não confirma essa afirmação.

Até agora, apenas três presidentes dos EUA enfrentaram uma séria ameaça de destituição pelo Congresso - Andrew Johnson, Richard Nixon e Bill Clinton - e, em cada caso, o partido que iniciou a inquérito acabou se beneficiando nas próximas eleições.

Elizabeth Holtzman, membro do Comitê de Justiça da Câmara dos Deputados durante o escândalo Watergate, que levou à renúncia de Richard Nixon, disse que é possível que os democratas sofram um prejuízo político com isso. “Mas o impeachment de Nixon não mostra isso. Mostra uma incrível vitória.”

Ao iniciar o processo de impeachment, a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, corre o risco de sofrer uma reação dos eleitores em 2020, especialmente para os democratas que conseguiram assentos dos republicanos em novembro passado.

Brenda Wineapple, autora de “The Impeachers“, disse que os republicanos que destituíram, mas não conseguiram condenar Johnson após a Guerra Civil “não sofreram politicamente”, pois mantiveram o controle do Congresso e o candidato do partido, Ulysses Grant, assumiu a Casa Branca nas eleições de 1868.

O mesmo aconteceu com o processo de impeachment que levou à renúncia de Nixon em 1974, quando os democratas aumentaram substancialmente sua maioria no Congresso e reconquistaram a Casa Branca dois anos depois.

E, em 1998, em meio à campanha republicana para destituir Clinton por mentir sob juramento e obstrução da justiça, o Partido Republicano manteve o controle de ambas as casas do Congresso e venceu as eleições presidenciais dois anos depois.

No entanto, é sabido que o processo de impeachment contra Clinton também prejudicou os republicanos, que perderam assentos na Câmara dos Deputados nas eleições de 1998.

O ex-deputado Martin Frost, que liderou o esforço da campanha do Partido Democrata na Câmara em 1998, disse que o principal problema dos republicanos naquele ano foi que tornaram o impeachment seu “argumento final”. “Eles erraram na mão”, disse.

O momento foi um fator-chave. Os republicanos votaram para iniciar o processo de impeachment em 8 de outubro de 1998, apenas algumas semanas antes das eleições de meio de mandato. No final de outubro, o republicano Newt Gingrich, presidente da Câmara na época, preparou anúncios na TV nos principais distritos eleitorais da Câmara, com foco no relacionamento de Clinton com Monica Lewinsky.

Os republicanos pensaram que a iniciativa reforçaria a maioria do partido na Câmara. Quando perderam cinco assentos, Gingrich renunciou. O Senado não conseguiu condenar Clinton e ele terminou seu segundo mandato com altos índices de aprovação.

Por esse motivo, muitos republicanos argumentaram que um impeachment de Trump seria um tiro pela culatra.

Christopher Lawrence, professor de ciência política da Universidade Estadual da Geórgia, que estudou o impeachment de Clinton, disse que os democratas estão em uma posição muito diferente agora.

Pesquisas mostram que o índice de aprovação de Trump já é muito alto entre os republicanos, que estão extremamente entusiasmados com a votação em 2020, portanto, o impeachment pode não mudar muito a opinião dos eleitores, especialmente porque ainda faltam 13 meses para as eleições.

“Não acho que, neste momento, haja algo que se possa fazer para motivar os seguidores de Trump mais do que já estão para votar nele em 2020”, disse. “Realmente, a questão é se isso motivará os democratas a votar.”

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