Hillary Clinton: ão se sabe se ela abriu os documentos com software malicioso que estavam anexados ao e-mail ou não (Reuters/Joshua Roberts)
Da Redação
Publicado em 1 de outubro de 2015 às 12h20.
Washington - O Departamento de Estado dos Estados Unidos disponibilizou nesta quarta-feira uma nova remessa de e-mails de Hillary Clinton que revelam que a ex-secretária de Estado recebeu mensagens com malware, um código malicioso que permite aos hackers obter acesso a suas informações, quando ocupou a pasta durante o primeiro mandato de Barack Obama.
Em 3 de agosto de 2011, Hillary recebeu em sua conta de e-mail pessoal, a mesma que usava para assuntos oficiais, várias mensagens supostamente procedentes do Departamento de Trânsito do estado de Nova York com uma notificação por excesso de velocidade.
As mensagens continham na realidade um malware, um tipo de vírus que permite aos hackers obter informações, e até controlar o computador, quando o arquivo em que está escondido é executado.
Não se sabe se Hillary, pré-candidata do Partido Democrata para as próximas eleições presidenciais, abriu os documentos com software malicioso que estavam anexados ao e-mail ou não.
Especialistas em segurança cibernética afirmaram que o malware estava programado para enviar as informações que obtivessem para "pelo menos" três servidores localizados fora dos EUA, um deles na Rússia.
Os mais de 3.800 e-mails apresentados hoje também revelam uma conversa entre Hillary e seus assistentes sobre questões de segurança digital, pois um grande número de funcionários do alto escalão do Departamento de Estado utilizavam suas contas de e-mail pessoal.
"Ninguém utiliza o computador fornecido pelo governo e inclusive os funcionários do alto escalão frequentemente acabam usando suas próprias contas de e-mail para fazer seu trabalho de forma rápida e eficiente", escreveu a Hillary Anne-Marie Slaughter, na época diretora de Planejamento Político do Departamento de Estado.
A conversa sobre essa questão, que agora está causando uma enorme dor de cabeça para a campanha de Hillary Clinton, esteve motivada na época pelo ataque ao serviço de e-mail do Google, o Gmail, em 2011.
As mensagens divulgadas hoje também revelam aspectos menos conhecidos e mais pessoais da ex-secretária de Estado, assim como episódios curiosos na relação com seus assistentes no Departamento de Estado.
"Quem tomou a decisão que o Departamento de Estado não usará os termos 'mãe e pai' e os substituirá por "pai um e dois'?", se queixou Hillary para seus auxiliares em outro e-mail.
"Seria mais adequado que as pessoas de famílias não tradicionais escolhessem outra maneira para descrever isso, mas na medida em que mantenhamos a presunção de pai e mãe. Temos que resolver isso hoje ou vamos ter que lidar com uma tempestade midiática da Fox (emissora de televisão) liderada por (Sarah) Palin e os outros", lamentou.
Entre os mais de 3.800 e-mails divulgados hoje, 215 foram parcialmente censurados por conter informação sigilosa, e três deles foram classificados como "secretos".
A polêmica pelo chamado escândalo dos e-mails teve início no começo do ano, quando Hillary se preparava para lançar sua candidatura presidencial e a imprensa revelou que ela tinha utilizado sua conta de e-mail particular para assuntos de interesse nacional em seu período como secretária de Estado.
A oposição republicana exigiu que as mensagens da conta particular de Hillary fossem apresentadas ao público para ver se poderiam ter causado prejuízo à segurança do país.
Em resposta às reivindicações dos republicanos e da própria Hillary, que insistiu que as mensagens fossem apresentadas para sanar qualquer dúvida, o Departamento de Estado desclassificou em maio cerca de 300 e-mails, a maior parte deles relativos ao atentado contra o Consulado dos EUA em Benghazi, na Líbia, em 2012.
Em julho, também foram divulgadas mais 3 mil páginas de cerca de 1.900 e-mails da ex-secretária de Estado e, em agosto, mais 7 mil páginas, com destaque para uma mensagem enviada ao fundador do Wikileaks, Julian Assange.