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Hillary Clinton se defende com firmeza no "caso Benghazi"

Os republicanos estavam armados com milhares de documentos e uma pilha de mensagens enviadas e recebidas por Hillary Clinton na época


	Hillary Clinton: "eu assumo minha responsabilidade pelo que aconteceu em Benghazi"
 (Jim Watson/AFP)

Hillary Clinton: "eu assumo minha responsabilidade pelo que aconteceu em Benghazi" (Jim Watson/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de outubro de 2015 às 05h31.

A ex-secretária de Estado americana Hillary Clinton assumiu, nesta quinta-feira, sua responsabilidade nos letais ataques contra a missão diplomática americana de Benghazi, na Líbia, em 2012, e disse aos republicanos que não existe risco zero, durante uma audiência no Congresso que durou onze horas.

Considerada favorita nas primárias presidenciais democratas para 2016, Hillary Clinton testemunhou na comissão especial criada no ano passado pela maioria republicana da Câmara de Representantes e que investiga o duplo ataque contra interesses americanos em Benghazi, grande cidade do leste líbio, na noite de 11 de setembro de 2012.

"Eu assumo minha responsabilidade pelo que aconteceu em Benghazi", disse Clinton.

No ataque, morreram o embaixador americano Chris Stevens, um funcionário diplomático e dois empregados da Agência Central de Inteligência (a CIA).

Os agressores, que seriam ativistas islâmicos fortemente armados, invadiram com facilidade a instalação diplomática e incendiaram a residência do embaixador. Depois disso, atacaram o anexo da CIA.

Os republicanos queriam saber o motivo pelo qual pedidos para um reforço na segurança foram rejeitados.

Ela se manteve firme em negar que, como secretária, não tenha prestado atenção às necessidades de segurança no consulado de Benghazi, alegando que esse tipo de solicitação não passava por ela e que nunca foi consultada sobre pedidos adicionais de segurança.

Hillary defendeu o interesse "vital" de uma presença americana nessa cidade, reduto da revolução líbia. No depoimento, ela ressaltou que a presença diplomática em lugares considerados "perigosos" inclui, necessariamente, a possibilidade de sofrer perseguições, ou até ataques letais.

"Nossos diplomatas devem continuar a nos representar nos lugares perigosos", disse Clinton.

"Sabíamos dos riscos", insistiu, destacando que o próprio Chris Stevens "também compreendia que não poderemos nunca impedir todos os atentados terroristas".

De acordo com Hillary, Stevens "entendeu que, às vezes, nossos diplomatas devem trabalhar onde nossos soldados não podem".

Os republicanos estavam armados com milhares de documentos e uma pilha de mensagens enviadas e recebidas por Hillary Clinton na época, e que revisaram exaustivamente em busca de provas de negligência.

O caso dos e-mails privados de Hillary, em detrimento do uso do endereço eletrônico oficial do Departamento, explodiu em março, levantando questões sobre a segurança dos arquivos oficiais da ex-secretária. A troca foi descoberta pelos investigadores parlamentares, que reivindicavam do Departamento de Estado a divulgação das comunicações de Hillary sobre a Líbia.

Questionada, ela advertiu que essas mensagens dão apenas uma visão parcial de suas ações no cargo. "A maior parte do meu trabalho não era feita por e-mail", disse a uma congressista republicana.

Pressão republicana

A sessão teve momentos de extrema tensão por discussões entre legisladores republicanos e democratas. Pelo menos uma vez a audiência teve de ser interrompida por vários minutos para permitir que os ânimos se acalmassem.

O próprio presidente da comissão, o republicano Trey Dowdy, envolveu-se em uma discussão a gritos com representantes democratas por causa da troca de e-mails entre Hillary e um de seus assessores nesse momento, Sidney Blumenthal.

Gowdy enumerou as zonas cinzentas que cercam, segundo ele, as ações do governo Obama antes, durante e depois dos ataques. O republicano anunciou que sua comissão desencavou novos documentos.

"Sra. secretária, nenhum membro desta comissão está aqui para investigar você, ou seu e-mail. Estamos aqui para investigar e prestar uma homenagem às vidas das quatro pessoas enviadas para nos representar em um país perigoso", afirmou.

"Quais precauções haviam sido tomadas no dia do aniversário dos atentados do 11 de Setembro?" - questionou.

Ironicamente, Hillary saudou a intenção da comissão de levar adiante uma investigação objetiva e pediu que deixem "agendas partidárias" de lado.

"Vim (a esta audiência) para honrar a memória" das quatro vítimas dos ataques, afirmou Hillary Clinton, sugerindo que não se prestaria a uma disputa política apenas para afetar sua candidatura.

Também republicano, o congressista Peter Roskam acusou Hillary de ter pretendido, em algum momento, usar a queda do líder líbio Muammar Kadhafi como instrumento político, possibilidade que a ex-secretária de Estado rejeitou sem esconder sua indignação.

Já o democrata Elijah Cummings denunciou a pressão republicana.

"Os republicanos desperdiçam milhões de dólares dos contribuintes para colocar obstáculos na campanha presidencial da sra. Clinton", acusou.

A prestação de contas de Hillary pode fornecer munição para seus adversários, em caso de insucesso, mas também pode fortalecê-la, se os republicanos se comportarem de maneira excessivamente agressiva, ou partidária, sem conseguir descobrir novos fatos relevantes sobre o episódio.

Hillary Clinton já havia testemunhado no Congresso sobre esse mesmo assunto em janeiro de 2013. Em tensas sessões, a ex-secretária assumiu sua responsabilidade pelo incidente.

Os ventos ainda parecem estar a seu favor. O líder da maioria republicana, Kevin McCarthy, reconheceu em uma entrevista que a comissão foi criada para prejudicar a imagem de Hillary. O também republicano Richard Hanna confirmou essa informação em entrevista a uma rádio.

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