Debate: campanha de Hillary concluiu que pelo menos dois estados tradicionalmente republicanos poderão virar para o lado democrata (Jonathan Ernst / Reuters)
Da Redação
Publicado em 12 de outubro de 2016 às 12h46.
A menos de quatro semanas das eleições para presidente dos Estados Unidos, a candidata do Partido Democrata, Hillary Clinton, está com 9 pontos percentuais à frente do candidato do Partido Republicano, Donald Trump, de acordo com pesquisa divulgada pelo The Wall Street Journal e pela rede de televisão NBC. Hillary aparece com 46% das intenções de voto e Trump, com 37%.
A pesquisa já capta o declínio de aprovação que o candidato republicano teve depois que foi divulgado o vídeo em que ele faz comentários grosseiros sobre as mulheres.
No vídeo, feito há 11 anos, e divulgado pelo jornal The Washington Post, na sexta-feira (7), Donald Trump se gaba de conquistar mulheres, em uma conversa com um apresentador de televisão, e diz que essas conquistas são facilitadas pelo fato de que as mulheres se deixam seduzir por celebridades.
Na mesma gravação, ele usa uma palavra vulgar para se referir ao órgão sexual feminino. Por causa da divulgação do vídeo, a divisão dentro do próprio Partido Republicando se ampliou, e 40 deputados e senadores que integram a bancada resolveram declarar que não apoiariam mais Donald Trump, sendo que 30 sugeriram que o candidato deveria sair para dar lugar a outro.
Com a divisão interna, a campanha do Partido Republicano decidiu mudar de estratégia, e Donald Trump passou a agir de forma mais independente. O candidato escreveu no Twitter que é "muito difícil ir bem" nas eleições quando integrantes do Partido Republicano "dão apoio zero".
Em outra mensagem contra os republicanos, que ele chamou de desleais, Donald Trump disse que, a partir de agora, depois que se livrou das "algemas" que o prendiam a esses membros partidários, ele pode finalmente lutar pela América do "jeito que quiser".
O Partido Democrata também mudou de estratégia e quer aproveitar a crise dos republicanos para ganhar o apoio de estados que tradicionalmente optam por candidatos conservadores.
A campanha de Hillary Clinton concluiu que pelo menos dois estados tradicionalmente republicanos, Geórgia e Arizona, poderão virar para o lado democrata.
Pelo lado republicano, o maior temor é que uma eventual queda na popularidade de Donald Trump possa prejudicar as eleições dos membros das duas casas do Congresso. Isso ficou claro quando o presidente da Câmara de Representantes, Paul Ryan, disse, em reunião secreta do Partido Republicano, que iria parar de fazer campanha por Donald Trump para se dedicar à tarefa de evitar que Hillary Clinton ganhe maioria no Congresso e, com isso, fique com uma espécie de "cheque em branco" em um Parlamento controlado pelos democratas.
Essa declaração desencadeou uma chuva de críticas de outros políticos republicanos, que viram na afirmação de Paul Ryan uma admissão de que Hillary Clinton deve ganhar as eleições.
O temor de Paul Ryan é que o eleitor se incline em favor dos democratas nas duas casas do Congresso. No momento, o Congresso tem maioria republicana. Do do total de 435 membros da Câmara de Representantes (que equivale à Câmara dos Deputados do Brasil), 246 são republicanos. No Senado, dos 100 senadores existentes da atual legislatura, 54 são republicanos.