Apoiadores do ETA (Reuters/Reuters)
Agência de notícias
Publicado em 21 de abril de 2024 às 20h43.
Os herdeiros do antigo braço político do ETA lideraram neste domingo as eleições no País Basco, onde obtiveram um grande avanço, embora pareça improvável que o jogo de alianças parlamentares lhes permita governar nessa região próspera do norte da Espanha.
Com mais de 98,5% dos votos apurados, a coalizão separatista de esquerda EH Bildu - cujo partido hegemônico, Sortu, é herdeiro da antiga vitrine política do ETA - conquistou 27 das 75 cadeiras em jogo, empatando com o Partido Nacionalista Basco (PNV), força nacionalista moderada que domina a política basca desde as primeiras eleições democráticas, em 1980.
A EH Bildu ganhou seis cadeiras em relação à configuração anterior, e o PNV perdeu quatro. Já em número de votos, o PNV recebeu quase 30 mil a mais do que a EH Bildu.
“Demos hoje um passo gigante", comemorou Pello Otxandiano, candidato da EH Bildu a chefe do governo basco, ressaltando que "se tratam dos melhores resultados obtidos pela esquerda soberanista em toda a sua história".
O PNV, por sua vez, expressou sua intenção de governar: “A partir de agora, assumimos a responsabilidade pelo processo de estruturação do governo", disse o secretário-geral do partido, Andoni Ortuzar.
O cenário mais provável é que os socialistas do chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, ofereça seus 12 deputados ao PNV para voltar a governar, como já ocorreu em diversas ocasiões.
A EH Bildu fez valer sua postura mais progressista em temas econômicos e sociais entre os jovens que não conheceram o ETA, organização armada fundada em 1958 que matou mais de 850 pessoas em mais de quatro décadas, até abandonar a luta armada, em 2011.
Com o empate de deputados, cabe aos socialistas de Pedro Sánchez escolher entre dois partidos sem cujo apoio não poderia governar. De qualquer forma, segundo Federico Santi, analista da consultoria Eurasia Group, “é pouco provável que o resultado das eleições bascas ameace a estabilidade do governo nacional”.
Cerca de 1,8 milhões de eleitores - de uma população total de 2,2 milhões - foram convidados às urnas para eleger os 75 deputados do Parlamento basco.
Depois de Madri, o País Basco tem a renda per capita mais alta da Espanha, com uma média de quase 36.000 euros anuais por habitante. A região contribui com 5,9% do Produto Interno Bruto (PIB) da Espanha (a região de Madri contribui com 19,4%), segundo dados da Caixabank Research.
O País Basco também é a região com menor índice de desemprego do país (7,9%), segundo dados do governo basco.