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Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 17h46.
Jerusalém - O movimento islamita Hamas ameaçou nesta quarta-feira se vingar de Israel pelo assassinado de um jovem palestino cometido aparentemente em represália pela morte de três jovens israelenses.
O assassinato do jovem palestino provocou uma onda de condenações dos líderes israelenses e palestinos, mas também internacionais, como dos Estados Unidos, que alertaram para uma piora da situação devido aos atos de vingança.
Israel "pagará o preço por estes crimes", afirmou o Hamas. "Enviamos nossa mensagem à entidade sionista e aos seus líderes, que consideramos responsáveis diretos" pelo assassinato, acrescentou.
O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, pediu ao governo israelense "que castigue os assassinos, se quiserem a paz entre os povos palestino e israelense", assim como "medidas concretas em terra para colocar fim aos ataques de colonos".
Já o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que anunciou a abertura de uma investigação, lamentou o crime hediondo e advertiu às partes para não fazerem justiça com as próprias mãos.
O adolescente palestino Mohamad Abu Khdeir, de 16 anos, foi sequestrado na terça-feira quando pedia carona no bairro de Shuafat, em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel.
A polícia de Israel confirmou a descoberta de seu corpo com marcas de violência em uma floresta de Jerusalém Ocidental, embora tenha descartado vincular esse assassinato com a morte dos três jovens israelenses, sequestrados no dia 12 de junho na Cisjordânia ocupada quando pediam carona.
"O corpo é do meu filho", confirmou à AFP Hussein Abu Khdeir, que não soube determinar a causa da morte.
Ansam Abu Khdeir, primo do jovem, indicou que testemunhas anotaram a placa do veículo, e que a polícia está investigando. "Sabíamos que três israelenses tinham sequestrado Mohamad antes da oração do amanhecer. Uma testemunha os viu", acrescentou à AFP.
O assassinato de Abu Khdeir pode se tratar de um ato de vingança pelo assassinato dos três jovens israelenses, encontrados mortos na segunda-feira. A polícia israelense elevou o estado de emergência no país.
No bairro de Shuafat, onde o jovem assassinado vivia, ao menos 65 pessoas ficaram feridas, três delas por munição real e 35 por balas de borracha, em confrontos entre jovens palestinos e a polícia israelense desde o início da manhã, segundo o Crescente Vermelho.
Durante a noite, a defesa antimísseis israelense interceptou quatro morteiros e um foguete disparados a partir da Faixa de Gaza, controlada pelo Hamas, em direção ao sul de Israel, de acordo com o Exército.
A aviação israelense respondeu com um ataque contra uma área de onde estavam sendo executados os disparos.
O primeiro-ministro israelense reuniu novamente nesta quarta à tarde seu conselho de segurança para adotar novas medidas de represália pela morte dos jovens israelenses, mas o assassinato do palestino pode reduzir sua margem de manobra, de acordo com analistas.
Apelos à calma
Desde que os corpos dos três jovens israelenses foram encontrados na segunda-feira no sul da Cisjordânia, a polícia israelense reforçou seu efetivo no território.
Israel atribui ao Hamas o assassinato dos três israelenses, mas o movimento islamita negou seu envolvimento.
Neste contexto, 200 pessoas participaram na terça-feira de uma manifestação antiárabe em Jerusalém, que terminou com uma "caça a árabes", de acordo testemunhas.
Um porta-voz militar anunciou que o Exército vai agir "com firmeza" contra os soldados que aparecem nas redes sociais com mensagens racistas, que pedem vingança pela morte dos jovens israelenses.
A Casa Branca pediu nesta quarta que israelenses e palestinos não entrem em uma perigosa espiral de represálias, enquanto o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou o assassinato do jovem palestino e fez um apelo à calma.
"Estamos muito preocupados com os últimos acontecimentos (...) e pedimos a todas as partes para darem provas do máximo de contenção", disse a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton.
A família de Naftali Frankel, um dos três jovens israelenses assassinados na Cisjordânia, lamentou a morte do jovem palestino, chamando o crime de "ato terrível e ultrajante".
"Um assassinato é um assassinato, não importa a nacionalidade ou a idade. Não há justificativa ou perdão", acrescentou a família.