Benjamin Netanyahu: premiê de Israel quer convencer que Hamas é culpado pela violência (Gali Tibbon/AFP)
Da Redação
Publicado em 15 de julho de 2014 às 17h36.
Jerusalém - Os líderes das duas principais facções palestinas fizeram um novo pedido de unidade nesta quarta-feira para "combater a agressão" israelense em um dia em que pelo menos 50 pessoas morreram na terceira operação bélica de Israel contra o movimento islamita Hamas.
O apelo aconteceu no mesmo dia em que o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, entrou em contato com líderes mundiais para explicar a operação "Limite Protetor" e tentar convencê-los de que o Hamas é o culpado pela escalada de violência.
O líder do grupo, Khaled Meshaal, que está exilado no Catar, garantiu que o único objetivo de Netanyahu é romper o acordo de reconciliação nacional que o Hamas assinou em 23 de abril com o partido nacionalista Fatah, dirigido pelo presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas.
Esse pacto acabou com sete anos de divisão política palestina e permitiu, em 2 de junho, a formação de um governo de unidade transitório, integrado por tecnocratas, para que sejam convocadas eleições no início do ano que vem.
"O primeiro-ministro israelense nunca esteve interessado na reconciliação palestina e, desde o primeiro momento, se dedicou a miná-la", afirmou.
Meshaal denunciou que, também dentro dessa estratégia, o governo israelense bloqueou o dinheiro enviado pelo Catar à ANP para o pagamento dos salários dos funcionários de Gaza e utilizou politicamente o assassinato de três jovens israelenses que ficaram desaparecidos durante quase três semanas na Cisjordânia.
"O sequestro foi o estopim para Netanyahu. Como se a ocupação, as colônias e o bloqueio a Gaza não fossem uma flagrante violação dos direitos palestinos. Quem quer calma em troca de calma não age assim", afirmou Meshaal, que disse não ter informação de um sequestro que, no entanto, aplaudiu.
Segundo ele, a solução para o atual conflito armado passa pelo governo israelense aceitar o fim da ocupação e a libertação de presos.
"Devem acabar imediatamente os bombardeios e também a ocupação. Vocês, israelenses, devem culpar e cobrar a responsabilidade disso de Netanyahu e de seu governo de extremistas, que são a razão para estarem em refúgios", afirmou.
Meshaal alegou que Israel não é capaz de manter uma operação desta intensidade durante muito tempo e instigou as facções palestinas em Gaza e Cisjordânia a "assumirem a responsabilidade de combater unidas Israel até conseguir a libertação".
Horas antes, o próprio Abbas tinha estendido a mão para uma unidade ao afirmar que a ofensiva de Israel sobre Gaza é "um ataque a todo o povo palestino". E também pediu hoje ao presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, que intervenha para parar "a escalada de violência de Israel em Gaza".
Segundo um comunicado divulgado pela agência de notícias local, eles conversaram por telefone sobre a situação vivida na Faixa e sobre próximos passos a serem dados tanto por Israel como pelo Hamas e pela comunidade mundial para parar a operação.
Fontes palestinas explicaram à Agência Efe que uma das opções é reunir apoios mundiais para pressionar Israel, que na terça-feira lançou a operação "Margem Protetora" com o objetivo declarado de debilitar o Hamas e interromper o lançamento de bombas desde a Faixa.
Em comunicado emitido no Cairo, Al Sisi confirmou que está em contato contínuo com todas as partes e considerou que Israel é "plenamente responsável, como potência ocupante, de garantir a vida da população civil palestina de acordo com o direito internacional".
A mediação do Egito tenta cessar "as medidas provocadoras e criar as condições necessárias para retomar as conversas de paz" entre palestinos e israelenses, acrescentou o porta-voz presidencial, Ihab Badawy.
Netanyahu também conversou hoje com diversos líderes mundiais para justificar a operação, para quem o início é responsabilidade do Hamas.
Segundo a imprensa local, o chefe do governo israelense ligou para o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, para a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e para o secretário de Estado dos EUA, John Kerry. A todos eles, lembrou que o Hamas é considerado um grupo terrorista pela comunidade internacional e que nenhum país pode viver sob a ameaça de bombas vinda da organização.