Representantes de 13 grupos assinaram o texto, incluindo os movimentos Jihad Islâmica (Abbas Momani/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2011 às 11h24.
Cairo - Os movimentos rivais palestinos Fatah, que governa a Cisjordânia, e Hamas, que controla a Faixa de Gaza, ratificaram nesta terça-feira no Cairo um acordo de reconciliação que provocou a revolta das autoridades israelenses.
O acordo, obtido com a mediação das autoridades egípcias, abre caminho para a celebração de eleições dentro de um ano.
Representantes de 13 grupos assinaram o texto, incluindo os movimentos Jihad Islâmica, Frente Popular de Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP) e Partido do Povo Palestino.
O acordo prevê a formação de um governo de independentes para preparar eleições presidenciais e legislativas simultâneas em um prazo de um ano, e constitui a primeira etapa para acabar com quatro anos de divisão política entre Cisjordânia e Faixa de Gaza.
Até a votação reinaria o status quo, tanto sobre as negociações com Israel como sobre o controle respectivo do Hamas sobre Gaza e da Autoridade Palestina nas zonas autônomas da Cisjordânia.
"Assinamos o acordo porque, apesar de termos nossas reservas, nos importa sobretudo o interesse nacional", declarou Walid al-Awad, membro do comitê político do Partido do Povo à televisão egípcia, sem revelar detalhes sobre as "reservas".
"Os palestinos de Gaza e da Cisjordânia vão celebrar o acordo. Temos que trabalhar para que seja aplicado", acrescentou.
Uma reunião entre o líder do Hamas no exílio em Damasco, Khaled Mechaal, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, deve acontecer ainda nesta terça-feira.
Além disso, Abbas e Mechaal devem participar em uma cerimônia oficial, ao lado do secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, do ministro egípcio das Relações Exteriores, Nabil al-Arabi, e do chefe da inteligência egípcia, general Murad Muafi.
A assinatura do acordo aconteceu depois da conclusão de um protocolo de acordo em 27 de abril no Cairo entre Azzam al-Ahmad, dirigente do Fatah, e Mussa Abu Marzuk, segundo do gabinete político do Hamas, após mais de um ano e meio de negociações.
Para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, "o acordo entre o Hamas, que pede a destruição do Estado de Israel, e o Fatah só pode causar preocupação aos israelenses e a todos aqueles que, no mundo inteiro, aspiram que se chegue à paz entre nós e nossos vizinhos palestinos".
Netanyahu, que deve viajar em breve a Londres e Paris, pensa em usar o acordo como argumento para convencer as potências ocidentais a não reconhecer um Estado palestino independente antes de um acordo com Israel.