Mundo

Hamas começa a analisar plano de paz de Trump para Gaza e diz que dará resposta

Proposta de Trump inclui cessar-fogo, libertação de reféns e desarmamento do Hamas, mas enfrenta ceticismo em Gaza

AFP
AFP

Agência de notícias

Publicado em 30 de setembro de 2025 às 13h05.

Última atualização em 30 de setembro de 2025 às 13h12.

O plano do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para acabar com a guerra de Gaza aguarda a resposta do Hamas, depois que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu aprovou o acordo, mas com algumas condições que ele enfatizou nesta terça-feira, 30.

O plano prevê um cessar-fogo, a libertação dos reféns israelenses em 72 horas, o desarmamento do movimento islamista palestino e uma retirada gradual das forças israelenses da Faixa de Gaza.

Segundo o plano, Trump vai coordenar uma autoridade de transição, que contará com a presença, entre outros, do ex-primeiro-ministro britânico Tony Blair.

Avaliação do Hamas e reações internacionais

Uma fonte palestina disse que o Hamas iniciou a avaliação do plano americano de 20 pontos.

"O Hamas inicia hoje uma série de consultas entre seus líderes políticos e militares, tanto dentro quanto fora da Palestina", declarou a fonte, que pediu anonimato. A organização dará uma resposta "que representará o Hamas e os movimentos de resistência", acrescentou.

No Catar, um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores afirmou que a delegação negociadora do Hamas prometeu estudar "de maneira responsável" o plano de Trump e que devem manter, nesta terça-feira, conversas com representantes do movimento islamista palestino e da Turquia.

Em um vídeo publicado em seu canal no Telegram após a entrevista coletiva de segunda-feira com Trump, Netanyahu disse que o Exército israelense continuará presente na maior parte de Gaza e insistiu que não aceitou a criação de um Estado palestino em suas conversas com o presidente americano.

"Nós vamos recuperar todos os nossos reféns, vivos e bem, enquanto [o Exército israelense] permanecerá na maior parte da Faixa de Gaza", disse.

Críticas e apoio a Netanyahu

O ministro israelense das Finanças, o político de extrema direita Bezalel Smotrich, criticou o plano, que chamou de "estrondoso fracasso diplomático". Segundo ele, o plano significa "fechar os olhos e dar as costas às lições de 7 de outubro de 2023", data do ataque violento do movimento islamista Hamas contra Israel, que desencadeou a guerra.

Trump afirmou que "estamos, no mínimo, muito, muito perto" da paz no Oriente Médio e classificou o anúncio como "potencialmente um dos dias mais grandiosos da civilização".

Apoio internacional ao plano

O plano contempla o envio de uma "força internacional temporária de estabilização", além da autoridade de transição, que contará com as presenças de Trump e Blair.

O acordo exige o desarmamento total dos combatentes do Hamas e o movimento islamista seria excluído de um futuro governo em Gaza.

Trump reconheceu que Netanyahu rejeitou de maneira contundente o Estado palestino, cuja criação poderia ocorrer sob o plano americano.

Netanyahu declarou apoio ao plano "para pôr fim à guerra em Gaza, que alcança nossos objetivos bélicos". Contudo, ele destacou que, se o Hamas tentar sabotá-lo, "Israel terminará o trabalho [de eliminar o Hamas] por conta própria".

Trump garantiu o "apoio total" a Israel para seguir com seu objetivo se o Hamas rejeitar o plano.

As reações mundiais ao plano foram rápidas: os países árabes e muçulmanos, incluindo os mediadores Egito e Catar, exaltaram os "esforços sinceros" para alcançar a paz.

Os líderes do Reino Unido, França, Alemanha e Itália apoiaram a iniciativa, assim como a Rússia.

O presidente do Conselho Europeu, Antonio Costa, fez um apelo a todas as partes a "aproveitar este momento para dar uma chance genuína à paz".

Ceticismo em Gaza

Em Gaza, no entanto, predomina o ceticismo.

"Está claro que este plano não é realista", declarou à AFP Ibrahim Joudeh, de 39 anos, em um abrigo na denominada zona humanitária de Al Mawasi, no sul de Gaza.

"Está redigido com condições que Estados Unidos e Israel sabem que o Hamas nunca aceitará. Para nós, isso significa que a guerra e o sofrimento vão continuar", acrescentou o programador de informática.

Os bombardeios aéreos israelenses prosseguiram nesta terça-feira em Gaza, segundo a Defesa Civil e testemunhas.

O Exército israelense confirmou que suas forças executam operações no território, em particular na Cidade de Gaza, onde efetua uma ampla ofensiva.

Impacto da guerra e números de vítimas

A Autoridade Palestina, que governa na Cisjordânia e que poderia desempenhar um papel na administração de Gaza após a guerra, celebrou os "esforços sinceros e determinados" de Trump.

A guerra em Gaza foi desencadeada pelo ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.219 pessoas, a maioria civis, segundo números oficiais israelenses.

A ofensiva israelense, que devastou grande parte de Gaza, matou mais de 66 mil palestinos, a maioria civis, segundo os números do Ministério da Saúde do território, que a ONU considera confiáveis.

Acompanhe tudo sobre:Donald TrumpIsraelHamasPalestinaFaixa de Gaza

Mais de Mundo

Talibã corta a internet do Afeganistão inteiro pelo 2º dia e voos são cancelados

Plano de paz para Gaza depende de 2 pontos principais para avançar

Shutdown: entenda o que está em jogo em possível paralisação do governo dos EUA

Trump impõe tarifas de até 25% sobre móveis e produtos de madeira importados