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Hamas cede controle das fronteiras de Gaza à Autoridade Palestina

Segundo o acordo negociado pelo Egito, a Autoridade Palestina deve tomar o controle total de Gaza antes de 1º de dezembro

Gaza: "Não há amarelo ou verde. Todo o povo palestino (está unido) sob a bandeira palestina" (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)

Gaza: "Não há amarelo ou verde. Todo o povo palestino (está unido) sob a bandeira palestina" (Ibraheem Abu Mustafa/Reuters)

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AFP

Publicado em 1 de novembro de 2017 às 18h28.

O movimento islamita Hamas, no poder há uma década na Faixa de Gaza, cedeu nesta quarta-feira (1) à Autoridade Palestina o controle de corredores fronteiriços até Egito e Israel, prova-chave na aplicação do acordo de reconciliação palestina.

Segundo o acordo negociado pelo Egito, a Autoridade Palestina - entidade reconhecida pela comunidade internacional que prefigura um futuro Estado palestino independente - deve tomar o controle total de Gaza antes de 1º de dezembro.

Nesta quarta-feira, além de ceder o controle de postos fronteiriços, o Hamas desmantelou completamente suas infraestruturas no de Erez, na fronteira norte com Israel.

As estruturas pré-fabricadas pertencentes ao movimento islamita foram desmontadas e carregadas em caminhões, constatou um jornalista da AFP.

No posto de Rafah, no sul, na fronteira com o Egito, foi organizada uma cerimônia para formalizar a transferência.

"Não há amarelo ou verde. Todo o povo palestino (está unido) sob a bandeira palestina", afirmou o ministro de Habitação, Mufid al-Hasanyeh, fazendo alusão às cores das bandeiras dos partidos políticos adversários.

"Hoje começamos a exercer nossos deveres sob a direção do primeiro-ministro (Rami Hamdallah) ao receber (o controle de) todos os postos fronteiriços", destacou Al-Hasanyeh.

Esperança

No terminal de Rafah tremulavam bandeiras palestinas e egípcias ao lado de grandes fotos dos presidentes Mahmud Abbas e Abdel Fatah al-Sisi.

O Hamas ganhou pela força o poder da Faixa de Gaza em junho de 2007, ao fim de confrontos com os membros do Al-Fatah, seu rival político, liderado por Abbas.

Essa transferência dos postos fronteiriços é considerada um primeiro teste para o novo acordo, após o fracasso de múltiplas tentativas de reconciliação nesses 10 dias anteriores.

Sua assinatura em 12 de outubro, com a mediação egípcia, ocorreu em um momento em que a situação humanitária dos dois milhões de habitantes da Faixa de Gaza não para de piorar. Eles têm somente poucas horas de energia elétrica por dia e sofrem com a escassez de água potável.

Israel impõe um bloqueio à Faixa de Gaza há uma década, alegando ser necessário controlar o Hamas, a quem considera - assim como Estados Unidos e União Europeia - uma "organização terrorista", e contra o qual travou três guerras desde 2008.

O acordo de reconciliação palestina deu esperanças de uma abertura mais frequente da fronteira egípcia, o que poderia atenuar as carências da população.

O Egito tem fechado de forma regular sua fronteira com o enclave palestino desde 2013. O corredor de Rafah não foi aberto nesta quarta apesar da transferência de seu controle à Autoridade Palestina. O Hamas disse que espera que isso aconteça nos próximos dias.

O negociador-chefe do Fatah, Azam al-Ahmad, afirmou à imprensa palestina que será reaberto em 15 de novembro, uma informação ainda não confirmada pelo Egito.

Permitir a ajuda internacional

Em comunicado, o coordenador especial das Nações Unidas para a paz no Oriente Médio, Nickolay Mladenov, comemorou a transferência.

Isso deve "permitir desbloquear um maior apoio internacional para a reconstrução, o crescimento, a estabilidade e a prosperidade de Gaza", destacou.

O governo israelense ainda não havia reagido à transferência de controle dos postos fronteiriços, mas o organismo israelense encarregado dos Assuntos Civis nos Territórios Palestinos (Cogat) declarou que se reuniria com responsáveis da Autoridade nos próximos dias.

Os principais grupos palestinos devem se reunir no Cairo no fim do mês para debater a formação de um governo de unidade.

Israel advertiu, não obstante, que rechaçaria qualquer governo de unidade que incluísse o Hamas se esse movimento não se desarmasse, e reconhece o direito de existência do Estado judeu.

A Organização para a Libertação da Palestina (OLP) dirigida por Abbas reconheceu Israel, mas o Hamas não.

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