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Haiti se aproxima da solução de governo transitório

O Haiti continua vivendo um clima de grande incerteza política, a apenas 12 dias do fim do mandato do atual presidente


	Vista de uma região do noroeste do Haiti: setores da oposição são favoráveis a um governo de transição a partir do próximo dia 7 de fevereiro
 (Héctor Retamal/AFP)

Vista de uma região do noroeste do Haiti: setores da oposição são favoráveis a um governo de transição a partir do próximo dia 7 de fevereiro (Héctor Retamal/AFP)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2016 às 22h28.

Porto Príncipe - O Haiti continua vivendo nesta terça-feira um clima de grande incerteza política, a apenas 12 dias do fim do mandato do atual presidente, Michel Martelly, cujo sucessor não foi eleito devido ao adiamento das eleições em duas ocasiões.

Setores da oposição são favoráveis a um governo de transição a partir do próximo dia 7 de fevereiro, quando conclui o mandato de Martelly, impedido constitucionalmente de continuar como presidente.

Entre os nomes cogitados para liderar este governo interino está o do presidente da Corte Suprema de Justiça, Jules Cantaves, do titular do Senado, Jocelerme Privert, e do atual primeiro-ministro, Evans Paul; cujo mandato principal, segundo diversas opiniões, será resolver a crise eleitoral e organizar eleições.

Outra alternativa expressada por setores políticos é a possibilidade de que Martelly continue até 14 de maio (quando se completam cinco anos desde sua posse) e organize as eleições, mas essa opção parece complicada porque a oposição ameaçou sair às ruas se o governante continuar além de 7 de fevereiro.

O primeiro-ministro haitiano afirmou hoje que Martelly entregará o poder em 7 de fevereiro como manda a Constituição e que há negociações de alto nível para que não haja um "vazio de poder" no país.

Em uma breve entrevista hoje ao jornal haitiano "Le Nouvelliste", Paul explicou que o Executivo está "trabalhando com todos os setores políticos para buscar uma solução para melhorar a crise e não deixar um vazio de poder que piore mais a situação".

Além disso, indicou que no contexto atual "não é possível realizar um pleito no país antes do fim do mandato presidencial".

"Estamos mantendo diálogos (com todos os estamentos) para tirar o país da situação atual", acrescentou.

O Haiti vive uma forte crise política depois do adiamento do segundo turno das eleições pela segunda vez na semana passada.

A oposição exige uma nova comissão que verifique os resultados do primeiro turno realizado em outubro, um novo governo e uma renovação do Conselho Eleitoral Provisório (CEP).

Por sua parte, o candidato governista, Jovenel Moise, quer que as eleições prossigam normalmente.

As ruas de Porto Príncipe amanheceram hoje em calma após vários dias de protestos violentos, mas estão previstas novas manifestações da oposição e do governo para reivindicar a realização do pleito.

O Partido Lavalas, do ex-presidente Jean Bertrand Aristide, reivindicou hoje novas eleições legislativas e presidenciais e pediu a prisão dos responsáveis pelas fraudes cometidas nos processos anteriores, causadores da atual crise.

Nas eleições previstas para este domingo deveriam se enfrentar Moise e o opositor, Jude Celestin, que se negou a participar devido à suposta fraude cometida no primeiro turno, realizado em 25 de outubro.

Moise foi o candidato mais votado no pleito de outubro, que foram tachados de "fraudulentos" pela oposição que se nega a aceitar esses resultados.

Uma comissão independente nomeada por Martelly para investigar esses pleitos também determinou que o processo esteve infestado de "sérias irregularidades", ao mesmo tempo em que recomendou uma série de medidas como a submissão à Justiça de funcionários eleitorais e a elaboração de uma nova lista de eleitores.

O segundo turno, originalmente programado para acontecer no último dia 27 de dezembro, foi suspenso indefinidamente pelo CEP na sexta-feira passada, que alegou razões de segurança.

O próprio organismo eleitoral está praticamente desmantelado, pois está composto na atualidade por apenas três de seus nove membros titulares, já que cinco renunciaram e um foi suspenso sob acusações de corrupção.

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