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Hague pede que Equador retome diálogo sobre Assange

Chanceler se mostrou convencido de que os dois países podem ''encontrar uma solução diplomática'' para o assunto


	William Hague, chanceler britânico: ''Convidamos o governo do Equador a retomar, o mais rápido possível, as negociações''
 (Brendon Thorne/Getty Images)

William Hague, chanceler britânico: ''Convidamos o governo do Equador a retomar, o mais rápido possível, as negociações'' (Brendon Thorne/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 3 de setembro de 2012 às 19h42.

Londres - O ministro das Relações Exteriores britânico, William Hague, pediu nesta segunda-feira que o Equador retome ''o mais rápido possível'' o diálogo sobre o ativista australiano Julian Assange, refugiado desde o mês de junho na embaixada do país latino-americano em Londres.

Em declaração escrita à Câmara dos Comuns, Hague se mostrou convencido de que os dois países - cujas relações ficaram abaladas nas últimas semanas - podem ''encontrar uma solução diplomática'' para o assunto.

O ministro ressaltou que já transmitiu o convite para o prosseguimento das negociações ao vice-presidente do Equador, Lenín Moreno, quando os dois se reuniram na última quarta-feira em Londres.

Na ocasião, o próprio Hague afirmou, em tom menos otimista, que não havia ''uma solução à vista'' no caso de Assange.

Em sua última declaração aos deputados, Hague lamentou que o Equador optasse por conceder asilo político ao fundador do ''Wikileaks'' ao invés de ''continuar as conversas'' com o governo britânico. No entanto, insistiu que as negociações poderiam ser retomadas na busca de uma solução aceitável para ambas as partes.

''Convidamos o governo do Equador a retomar, o mais rápido possível, as negociações que mantivemos sobre este assunto até o momento'', afirmou o chanceler. Até então, foram sete conversas formais e vários contatos informais.

Após perder os recursos no Reino Unido para evitar sua extradição para a Suécia, país que o reivindica por supostos crimes sexuais, Assange se refugiou no dia 19 de junho na embaixada do Equador em Londres.

O Reino Unido insiste que, caso Assange saía da representação diplomática, sua obrigação legal é extraditá-lo para a Suécia. Os advogados do australiano temem que o país escandinavo o entregue aos Estados Unidos, onde poderia ser acusado de traição e condenado à pena de morte pelas revelações de seu portal.


Hague garantiu que esses temores, compartilhados por Assange e seus partidários, são ''infundados'', e expressou sua ''total confiança'' no sistema legal e no governo sueco.

O ministro disse, por outra parte, que seu governo ''não ameaça'' invadir a embaixada equatoriana, como temia o país sul-americano, e garantiu que respeitará a Convenção de Viena.

Apesar do Equador ter concedido asilo à Assange, Londres rejeita dar um salvo-conduto ao fundador do Wikileaks.

Um porta-voz do governo equatoriano em Londres disse hoje que em sua declaração parlamentar Hague omitiu o risco de Assange ser alvo de maus tratos caso seja entregue aos Estados Unidos.

''O governo britânico não abordou nem nos últimos três meses nem hoje a questão do tratamento desumano que Assange enfrentaria caso fosse extraditado aos EUA'', argumentou a fonte, que lembrou a situação de Bradley Manning, o soldado americano acusado de vazar documentos para o ''Wikileaks''.

O porta-voz acrescentou que também existe o risco do ex-hacker australiano, de 41 anos, ser condenado à prisão perpétua nos EUA, uma punição considerada ''desumana'' pelo Equador.

''O governo equatoriano gostaria que o governo britânico oferecesse garantias de que o ocorrido com Bradley Manning não será repetido no caso de Assange'', afirmou o porta-voz.

Se existissem estas garantias ''de direitos humanos básicos, poderíamos encontrar uma solução rápida, justa e honrosa'' à crise atual entre ambos os países. 

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