Guterres: ele prometeu que "servirá aos mais vulneráveis" com "humildade e gratidão" quando assumir o cargo (John Thys/AFP)
Da Redação
Publicado em 13 de outubro de 2016 às 10h51.
A Assembleia Geral da ONU designará nesta quinta-feira o português Antonio Guterres como novo secretário-geral das Nações Unidas, dando início a uma mudança para uma liderança mais reformadora e atuante da organização.
Diplomatas da ONU dizem esperar que Guterres, o primeiro ex-chefe de Governo no posto, dê uma sacudida na ONU e desempenhe um papel mais proeminente que o do atual chefe, Ban Ki-moon, o ex-chanceler sul-coreano conhecido por seu 'low profile'.
O Conselho de Segurança da ONU deu seu apoio por unanimidade na quinta-feira passada a Guterres, que, além de primeiro-ministro português, também dirigiu a agência de refugiados da organização durante uma década.
Guterres prometeu que "servirá aos mais vulneráveis" com "humildade e gratidão" quando assumir o cargo.
"Trabalharei para proteger as vítimas de conflitos, de terrorismo, as vítimas da violação dos direitos fundamentais, as vítimas da pobreza e das injustiças", disse ainda.
Guterres, um político socialista de 67 anos, será o primeiro ex-chefe de Governo a se tornar o secretário-geral da ONU. Prometeu mudanças na organização para aumentar os esforços de paz e a promoção dos direitos humanos.
Ban assegurou que Guterres "é uma escolha excelente".
"Tem experiência como primeiro-ministro de Portugal. Seu amplo conhecimento dos assuntos mundiais e sua viva inteligência serão muito úteis para a condução da ONU em um período tão crítico", disse.
A eleição de Guterres confundiu alguns diplomatas da ONU que não esperavam que um candidato tão franco e com tanta experiência política ganhasse apoio dos cinco membros permanentes do Conselho: Grã-Bretanha, França, China, Rússia e Estados Unidos.
O embaixador da Rússia, Vitaly Churkin, que preside o Conselho de Segurança este mês, disse a jornalistas após a votação que Guterres "é uma ótima opção".
Como Alto Comissário da ONU para os Refugiados, Guterres percorreu o mundo e observou em primeira mão "os conflitos mais espantosos que temos que enfrentar", disse.
Churkin citou também a experiência de Guterres como primeiro-ministro e o descreveu como "uma pessoa que fala para todo mundo, que diz o que pensa, uma pessoa muito aberta, muito extrovertida".
Guterres deve enfrentar uma longa lista de crises mundiais urgentes ao assumir seu novo posto em janeiro, junto com demandas para grandes reformas na organização, considerada muito lenta para responder às emergências.
A guerra na Síria, em seu sexto ano, ocorre em meio a profundas divisões no Conselho entre Rússia, que apoia o presidente sírio Bashar al-Assad, e as potências ocidentais que apoiam os rebeldes opositores.
Com um recorde de 65 milhões de pessoas deslocadas no mundo, a ONU luta para fornecer ajuda humanitária e garantir a proteção dos direitos dos refugiados.