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Guia supremo iraniano rejeita oferta americana de diálogo

Os EUA querem negociar o polêmico programa nuclear iraniano enquanto continua a impor sanções econômicas ao país

Aitolá Ali Khamenei: "vocês (americanos) querem negociar enquanto apontam a arma para o Irã. A nação iraniana não será intimidada por ações deste tipo", disse
 (AFP)

Aitolá Ali Khamenei: "vocês (americanos) querem negociar enquanto apontam a arma para o Irã. A nação iraniana não será intimidada por ações deste tipo", disse (AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2013 às 11h09.

Teerã - O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, rejeitou nesta quinta-feira a oferta dos Estados Unidos de iniciar negociações bilaterais sobre o polêmico programa nuclear do Irã, enquanto Washington continuar a impor sanções econômicas ao país.

Esta declaração do número um iraniano ocorre no dia seguinte à confirmação dos Estados Unidos de novas sanções contra o Irã, poucos dias após uma "oferta séria" do vice-presidente americano Joe Biden em Teerã sobre negociações diretas no âmbito do Grupo 5+1 (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia, China e Alemanha).

"Vocês (americanos) querem negociar enquanto apontam a arma para o Irã. A nação iraniana não será intimidada por ações deste tipo", disse durante um discurso para comandantes da Força Aérea que foi publicado em seu site na internet (www.leader.ir).

"O Irã não aceitará negociar com aquele que nos ameaça com pressões", afirmou, considerando que uma "oferta de diálogo faz sentido apenas quando a outra parte demonstra boa vontade".

"Eu não sou um diplomata, eu sou um revolucionário. Expresso minhas opiniões de maneira franca", explicou.

Segunda-feira, o ministro iraniano das Relações Exteriores, Ali Akbar Salehi, havia assegurado que o Irã examinaria "positivamente" a proposta de Biden, ressaltando que seu país desconfiaria dos "sinais contraditórios" de Washington.

Mas o todo-poderoso Khamenei, que tem a palavra final em todos os temas importantes na república islâmica, incluindo as atividades nucleares sensíveis e a política externa, se mostrou inflexível.


"Alguns se alegram com a oferta de negociações ... (mas) negociações não vão resolver nada", ressaltou, ameaçando aqueles que no Irã querem voltar "a uma dominação americana".

Após vários meses de interrupção, o Grupo 5+1 e o Irã entraram em um acordo na terça-feira para retomar as negociações em 26 de fevereiro no Cazaquistão. Londres assegurou que os ocidentais apresentarão em Almaty "uma nova oferta credível" a Teerã.

Diversos países ocidentais suspeitam que o Irã tenta fabricar uma arma atômica sob a fachada de um programa nuclear civil, uma possibilidade que o governo de Teerã nega.

O Irã exige que os ocidentais reconheçam seu direito de enriquecer urânio, já que é signatário do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP), e que retire as sanções políticas e econômicas impostas pela ONU, Washington e União Europeia.

As sanções, que mergulharam o país em uma grave crise econômica, afetam principalmente as exportações de petróleo, vital para economia iraniana, e o repatriamento dos petrodólares.

O último ciclo de negociações aconteceu em Moscou em junho de 2012 e, assim como os anteriores, não registrou progressos sobre o tema do polêmico programa iraniano de enriquecimento de urânio. O Irã, em todas as ocasiões, se recusou a suspender o enriquecimento de urânio a 20% e exportar seus estoques de urânico já enriquecido, afirmando que esses estoques e a tecnologia acumulada por Teerã não lhe permite produzir urânio enriquecido a mais de 90%, o necessário para a fabricação de armas atômicas.

Paralelamente, o Irã negocia com a Agência Internacional para a Energia Atômica (AIEA). Os especialistas da agência da ONU devem retornar a Teerã no dia 13 de fevereiro para tentar chegar a um acordo, para que consiga investigar livremente a finalidade do programa nuclear iraniano.

*Matéria atualizada às 12h09

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