Acidente: após o ocorrido, Ali Musthofa foi proibido de trabalhar na região do Rinjani (resgatejulianamarins/Instagram)
Agência de notícias
Publicado em 2 de agosto de 2025 às 17h37.
Guia responsável por levar o grupo em que estava Juliana Marins ao Monte Rinjani, na Indonésia, narrou a um podcast local, segundo o g1, os momentos finais de contato com a publicitária e moradora de Niterói, que tinha 26 anos, antes de sua queda.
Juliana morreu após cair de um penhasco durante a trilha no segundo vulcão mais alto da Indonésia. O acidente aconteceu em junho deste ano. Quatro dias depois, o corpo da jovem foi encontrado por equipes de resgate.
Ali Musthofa, de 20 anos, relatou que Juliana estava exausta e ficou para trás durante o trecho mais crítico da expedição, realizada com outros cinco turistas. Ele conta que, por segurança, pediu que a brasileira esperasse enquanto verificava a situação dos demais integrantes do grupo.
“Ela era a mais lenta, estava muito cansada. Disse para ela esperar ali enquanto eu checava os outros. Quando voltei, ela não estava mais lá.”
Era a primeira vez de Juliana no local. Segundo o guia, ela contratou um pacote de trilha compartilhado, que era mais barato, mas sem assistência exclusiva. A diferença? Cerca de US$ 100, o equivalente a pouco mais de R$ 500.
“Eu tinha seis pessoas. Os demais seguiram adiante. Fiquei preocupado com o grupo da frente porque, quando você chega e sai do cume do Rinjani, é muito perigoso”, explica.
Ao voltar para o ponto onde havia deixado Juliana, Ali não a encontrou. Mas, ao olhar para baixo, viu uma lanterna acesa a cerca de 150 metros de profundidade.
“Tive a sensação de que era Juliana. Eu entrei em pânico”, conta ele, afirmando que, mesmo diante da gravidade da situação, ainda teve esperança: “Fiquei dois dias no monte acompanhando as buscas. Eu acreditava que ela ainda estava viva.”
De acordo com especialistas brasileiros, Juliana pode ter sobrevivido por até 32 horas após a queda. Para Ali, o fato de ela ter tentado se mover agravou a situação.
“Acredito que ela se moveu procurando uma maneira de subir. Quando ela queria tentar o caminho para cima, ia mais para baixo. Eu gritava para ela lá de cima, para ela esperar e nunca, nunca se mover. Ela só conseguia dizer ‘help me’.”
A morte de Juliana gerou comoção entre brasileiros que fazem turismo de aventura no Sudeste Asiático e também trouxe consequências para o guia.
Após o ocorrido, Ali Musthofa foi proibido de trabalhar na região do Rinjani e de subir ao vulcão mesmo como turista. Ele diz que gostaria de se desculpar com a família de Juliana. O guia lembrou que chegou a falar com a família de Marins, na Embaixada do Brasil na Indonésia e que ouviu a seguinte frase do pai da publicitária: “Você matou minha filha”.
O caso ainda está sob investigação pelas autoridades locais. Apesar da repercussão, Ali diz estar disposto a enfrentar as consequências.
“Eu fiz o máximo para salvar a Juliana. Mas, infelizmente, Deus quis outra coisa”, concluiu.