Declarações de possível reconhecimento de "erros" ocorreram cinco meses e meio após o início das negociações de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e as Farc (REUTERS/Jose Miguel Gomez)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2013 às 17h40.
Havana - A guerrilha colombiana Farc afirmou nesta sexta-feira, no fim de outra rodada de negociações de paz com o governo, que está disposta a "revisar" qualquer "erro" cometido durante meio século de conflito armado que resultou em milhares de mortos, mas descartou se submeter à Justiça no país sul-americano.
As declarações ocorreram cinco meses e meio após o início das negociações de paz entre o governo de Juan Manuel Santos e as Farc. As partes têm se aproximado em questões agrárias, mas não há acordo que permita passar a outros pontos.
Críticos do processo de paz, como o ex-presidente Alvaro Uribe, questionam o procedimento por temer que haja impunidade e que os líderes das Farc possam ser eleitos a cargos públicos sem pagar por seus crimes de guerra e contra a humanidade.
"Quanto à guerrilha das Farc ... dissemos que qualquer erro que pode ter ocorrido no desenrolar do conflito e da resistência armada a que fomos obrigados pelo terror das elites no poder, estamos dispostos a revisá-los em função da reconciliação", afirmou o grupo guerrilheiro em comunicado.
"Mas os autores e seus tribunais não têm autoridade moral para nos julgar. Nos coloquemos nas mãos da Assembleia Nacional Constituinte, do povo que é soberano, as decisões que devem formar o tratado de paz que a Colômbia necessita", acrescentou o texto, lido a jornalistas em Havana, onde ocorre a reunião.
O diálogo entre o governo e as Farc, baseado no princípio de que "nada está acordado até que tudo esteja acordado", segue uma agenda que inclui, além do tema agrário, questões como a participação dos guerrilheiros na política, a luta contra o narcotráfico, o fim do conflito e a compensação às vítimas.
As Farc, que contam com cerca de 8 mil combatentes, continuam sendo a maior guerrilha da Colômbia, embora tenham sido enfraquecidas por uma década de ofensiva militar que já matou vários de seus principais comandantes.
Uma fonte do governo informou que o diálogo será retomado em 13 de maio.