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Sequestro de reféns estrangeiros pode mobilizar ação militar global? Especialista explica

Para Rodrigo Amaral, revolta da opinião pública não será suficiente para motivar intervenção estrangeira em Gaza

Prédios danificados por ataques aéreos em Gaza, na terça, dia 10 (BELAL AL SABBAGH/AFP)

Prédios danificados por ataques aéreos em Gaza, na terça, dia 10 (BELAL AL SABBAGH/AFP)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 11 de outubro de 2023 às 12h10.

Última atualização em 11 de outubro de 2023 às 12h17.

O sequestro de reféns estrangeiros pelo Hamas tem chocado o mundo, tanto por haver muitos vídeos das cenas das capturas quanto pelos métodos: na prática, as vítimas estão sendo usadas como escudos humanos, para tentar impedir uma retaliação dura de Israel.

No entanto, não há sinais de que outros países estejam planejando ações miltares diretas para resgatá-los, por uma série de razões.

Os reféns estão sendo mantidos em vários grupos separados, em diferentes locais, o que dificulta o resgate deles e torna uma operação militar de resgate muito arriscada. Outro ponto que torna dispensável a ajuda militar externa é que Israel já tem poder militar suficiente para atacar Gaza e não precisaria de apoio para isso. No entanto, um ataque muito violento pode escalar a gravidade do conflito

"A presença de reféns muda a mobilização da opinião pública sobre o tema, gera uma grande comoção, mas a gente ainda não observa qualquer tipo de engajamento militar. Apesar de potencializar a comoção pública, isso não aparenta ser razão suficiente para uma incursão militar de outros Estados", diz Rodrigo Amaral, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Durante a invasão a Israel, no sábado (7), terroristas do Hamas sequestraram civis de várias nacionalidades e os levaram para Gaza. A estimativa é que cerca de 150 pessoas tenham sido levadas. O governo de Israel disse que há brasileiros entre eles, mas o Itamaraty ainda não conseguiu confirmar isso.

O Hamas ameaça matar os reféns caso Israel faça mais bombardeios a territórios palestinos. A presença de reféns são também uma forma de tentar impedir Israel de invadir Gaza para caçar autores do ataque e fazer uma retaliação mais forte.

Amaral vê também pouco risco de um efeito dominó, com o espalhamento do conflito para outros países da região. "Assistiremos a um conflito contínuo e localizado. Provavelmente teremos dias ainda de ação militar intensa de Israel em Gaza. No máximo, vimos poucas aventuras na região do sul do Líbano, mas que não tem imediatamente a ver com a questão de Gaza", afirma.

A ação do Hamas, porém, pode reduzir o apoio à causa palestina no exterior e fazer com que mais governos reafirmem sua lealdade a Israel. Na terça, 11, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, considerou as ameaças de execução de reféns como uma "violação de qualquer código de moralidade humana" e reafirmou o apoio americano a Israel.

O sequestro de civis por grupos terroristas é uma prática antiga, mas a diferença neste caso é a tentativa de usar um grupo de reféns para tentar impedir ataques militares a partir de outro país. Não há registro recente de alguma ação do tipo, mesmo em regimes muito duros, como o da Coreia do Norte.

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