Mundo

Guerra Israel-Hamas pode influenciar preços do petróleo e o crescimento mundial, diz levantamento

Bloomberg Economics cria três possíveis cenários para a evolução do conflito e seus desdobramentos sobre a economia global

Prédios danificados por ataques aéreos em Gaza, na terça, dia 10 (BELAL AL SABBAGH/AFP)

Prédios danificados por ataques aéreos em Gaza, na terça, dia 10 (BELAL AL SABBAGH/AFP)

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 13 de outubro de 2023 às 11h02.

Última atualização em 13 de outubro de 2023 às 11h06.

A eclosão do conflito entre Israel e o Hamas na última semana pode reverberar na economia global. Sobretudo, devido a possibilidade de envolvimento de outros países, intensificando os riscos econômicos.

Com o avanço da violencia, a escalada poderia provocar um confronto direto entre Israel e o Irã, conhecido por financiar o Hamas, atualmente entendido como um grupo terrorista por EUA e União Europeia.

Segundo projeções da Bloomberg Economics, nesse contexto, o preço do petróleo poderia alcançar 150 dólares por barril, fazendo o crescimento global recuar para 1,7%, representando uma perda de cerca de 1 bilhão de dólares no PIB mundial.

O acréscimo é o fato de que o Oriente Médio desempenha papel-chave como fornecedor de energia e rota marítima estratégica. Para entender melhor o que isso significa, vale  reavaliar a guerra árabe-israelense de 1973 e seu subsequente embargo petrolífero, com impacto direto nas economias globais.

Com o agravante de que a economia global atual está em um momento de recuperação, ainda lidando com a inflação gerada após a invasão russa na Ucrânia no ano anterior, um novo conflito em uma região produtora de energia poderia inflar ainda mais os índices.

Implicações mais amplas poderiam surgir, desde instabilidades no mundo árabe até influenciar nas eleições presidenciais dos EUA, dada a relevância dos preços do combustível para os eleitores.

Entenda como a evolução do conflito entre Israel e Hamas pode repercutir na economia global

O elevado número de vítimas em Israel aumenta a probabilidade de uma retaliação sangrenta e de uma guerra regional.

Em um levantamento de informações, a Bloomberg Economics criou três possíveis cenários para entender o futuro do conflito, com as devidas ressalvas pela complexidade e incerteza, mas que servem como ferramenta para entender o novo cenário global.

Abaixo, você confere cada um dos desdobramentos imaginados:

Conflito limitado a Gaza

Em 2014, o sequestro e assassinato de três israelenses pelo Hamas levou a uma invasão terrestre de Gaza, resultando em mais de 2.000 mortes. A luta se restringiu ao território palestino e teve um impacto contido nos preços do petróleo e na economia mundial.

Recentemente, as vítimas fatais superaram essa marca. Uma trajetória possível é a repetição desse cenário, mas com um reforço nas sanções dos EUA ao petróleo iraniano. Com um aumento da produção iraniana de petróleo, sanções mais rígidas poderiam elevar os preços do óleo em até US$ 4. No entanto, se Arábia Saudita e EAU compensarem a perda, o impacto global seria mínimo.

Janet Yellen, Secretária do Tesouro dos EUA, afirmou que, se o conflito se limitar a Gaza, os impactos econômicos não devem afetar significativamente a economia global.

Guerra por procuração

E se o conflito se expandir? A presença do Hezbollah, apoiado pelo Irã, no Líbano, já gerou conflitos na fronteira israelense. Caso o conflito se estenda ao Líbano e à Síria, o custo econômico aumentará, uma vez que se transformaria em uma guerra indireta entre Irã e Israel.

Yair Golan, ex-vice-chefe do exército israelense, ressaltou que, se o Hezbollah entrar no conflito, poderia haver uma escalada significativa, elevando os preços do petróleo.

A situação também poderia desencadear protestos em países vizinhos, com consequências econômicas, incluindo um aumento de 10% nos preços do petróleo e impacto nos mercados financeiros, resultando em uma queda de 0,3% no crescimento global.

Confronto direto Irã-Israel

Uma confrontação direta entre Irã e Israel é menos provável, mas traria graves consequências econômicas globais. Hasan Alhasan, do International Institute for Strategic Studies, alertou sobre o risco de miscalculation nesse cenário.

Recentes ações do Irã, juntamente com as declarações contraditórias de Israel e dos EUA sobre a participação iraniana em ataques do Hamas, adicionam incerteza ao cenário. Se ocorrer um confronto, os preços do petróleo poderiam chegar a US$ 150 por barril, com impactos significativos na economia global.

Segundo projeções da Bloomberg Economics, um confronto dessa magnitude resultaria em uma queda de 1% no crescimento global, potencialmente levando a uma recessão mundial.

Para entender entre conflito Israel e Hamas

Acompanhe tudo sobre:GuerrasConflito árabe-israelenseIsraelHamasPetróleo

Mais de Mundo

Após pagers, Israel faz bombardeio e mata comandante do Hezbollah em Beirute

Dez anos após desaparecimento de 43 estudantes no México, caso segue sem conclusão

O que é PETN, químico altamente explosivo que pode ter sido usado em pagers do Hezbollah

Novo centro de processamento de minerais vai fazer com que o Canadá dependa menos da China