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Guerra em Gaza afeta celebrações da Sexta-feira Santa em Jerusalém

Procissão, segundo tradição, refaz o caminho percorrido por Jesus antes de ser crucificado

Guerra em Gaza: conflito afeta celebrações religiosas em Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos (MOHAMMED ABED/AFP)

Guerra em Gaza: conflito afeta celebrações religiosas em Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos (MOHAMMED ABED/AFP)

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Agência de notícias

Publicado em 29 de março de 2024 às 20h25.

A guerra em Gaza afetou a celebração desta Sexta-feira Santa, 29, em Jerusalém e pouquíssimos peregrinos foram às ruas participar da procissão na Cidade Velha que, segundo a tradição, refaz o caminho percorrido por Jesus antes de ser crucificado. 

A segurança foi reforçada nas vielas estreitas da Cidade Velha, sagrada pra judeus, cristãos e muçulmanos, e situada em Jerusalém Oriental, ocupada e anexada por Israel desde 1967.

Por coincidência de calendário, também passaram pelas ruas milhares de palestinos que celebram o jejum do ramadã, mês sagrado do islã, a caminho da oração de sexta-feira na mesquita de Al Aqsa.

"É muito emocionante estar aqui nesta Sexta-feira Santa. Sentimos uma profunda tristeza, provavelmente mais forte por causa do que acontece" em Gaza, declarou o australiano John Timmons, que disse ter pensado duas vezes antes de viajar para a Cidade Santa.

A guerra em Gaza teve início em 7 de outubro, após o ataque sem precedentes do movimento islamista palestino Hamas no sul de Israel, que deixou 1.160 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP com base em fontes israelenses.

Em retaliação, Israel lançou uma ofensiva aérea e terrestre em Gaza, que já deixou 32.623 mortos, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do território, governado pelo Hamas desde 2007.

'Um lugar muito especial'

Em Jerusalém, a procissão solene que percorre a Via Dolorosa começa no local onde, segundo a tradição, Pôncio Pilatos condenou Jesus à morte.

Católicos e protestantes celebram a Páscoa no próximo domingo. Para os ortodoxos, a festa que comemora a ressurreição de Jesus cai este ano no começo de maio.

Nas ruas estreitas de pedra branca, o italiano Mario Tioti disse ter sentido que a santidade da cidade transcendia todas as tensões.

"É um lugar muito especial. [Aqui] podemos sentir Cristo. Ele caminhou por aqui", disse o homem de 64 anos.

Em meio à multidão, havia fiéis de todas as idades, homens de batina, outros levando cruzes de madeira, religiosas e turistas.

James Joseph, um americano residente em Jerusalém há anos e que é conhecido como "Jesus", comparou a guerra em Gaza ao episódio do "Massacre dos Inocentes", relatado no evangelho, no qual Herodes, rei da Judeia, ordena a morte de milhares de bebês.

"O sofrimento destes inocentes [em Gaza e Israel] é trágico, mas não é em vão", disse à AFP na igreja do Santo Sepulcro, onde, segundo a tradição cristã, Jesus ressuscitou dentre os mortos.

Via Dolorosa Palestina

No interior da basílica, fiéis entoaram cânticos, acenderam velas e abraçaram a pedra da unção, local onde Jesus foi lavado e envolto em um sudário antes de ser levado para o sepulcro.

Para alguns palestinos, chegar à mesquita de Al Aqsa, o terceiro local santo do islã, foi sinônimo de obstáculos.

Linda Al Khatib explicou que o dispositivo de segurança israelense transformou o trajeto em um calvário.

Ela costuma levar cinco minutos para chegar ao local saindo de seu povoado, localizado nos arredores de Jerusalém, na Cisjordânia ocupada. Mas desta vez demorou 45 minutos.

"Vim rezar porque é um dia muito especial, sobretudo durante o ramadã. Mas estou muito triste, não há muitos visitantes e não há ninguém. Senti medo durante todo o trajeto", admitiu.

Para alguns, no entanto, a guerra teve um lado positivo, pois manteve os turistas afastados.

"Na última vez que vim, havia muita gente tentando entrar na tumba [de Cristo]", lembrou o americano Timothy Curtiss. "Era como se fosse a Disneylândia. Este ano, entramos diretamente", destacou.

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