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Guerra comercial de Trump traz risco de partir comércio global entre EUA e China, alerta OMC

Organização Mundial do Comércio diz que esta divisão poderá encolher PIB global

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP)

Os presidentes Donald Trump e Xi Jinping (AFP)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 10 de abril de 2025 às 06h01.

O comércio global livre entre os países, com o mínimo de amarras e barreiras, foi um dos motores do crescimento global das últimas décadas. As tarifas impostas pelo governo de Donald Trump são uma ameaça a este modelo, e podem trazer ainda mais danos, alerta a Organização Mundial do Comércio (OMC).

As medidas de Trump podem levar o mundo a um modelo de comércio dividido em dois blocos, em que os países teriam de escolher negociar com apenas uma das duas maiores potências globais, diz a entidade.

"Há particular preocupação sobre a potencial fragmentação do comércio global ao longo de linhas geopolíticas. Uma divisão da economia global em dois blocos poderia levar a uma redução de longo prazo do PIB global real em quase 7%", afirmou Ngozi Okonjo-Iweala, diretora-geral da OMC, em comunicado.

A entidade apontou, ainda, que as tarifas de Trump e as retaliações chinesas poderão reduzir o comércio entre os dois países em 80%. Em 2024, as trocas entre eles superaram US$ 500 bilhões.

Tarifa de 125%

Na quarta, Trump anunciou que aumentará as tarifas de importação sobre a China para 125%, e que pausará por 90 dias as tarifas recíprocas extras para os outros países.  Assim, as tarifas recíprocas serão mantidas em 10% para todos os países, e apenas a China terá a cobrança adicional, de 125%,

Ao longo desta quarta-feira, 9, Trump e seus assessores buscaram ressaltar que países que agissem como a China e retaliassem tarifas americanas sofreriam consequências, enquanto os que buscassem negociar com os EUA seriam beneficiados.

Perguntado se ele está tentando formar uma coalizão internacional contra a China no comércio, Trump respondeu que "não". Em seguida, fez várias críticas ao país, a quem acusa de tirar vantagem dos EUA por ter um grande superávit comercial com os americanos.

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