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Guerra comercial de Trump é 'Lei da Selva' e China vai resistir, diz embaixador no Brasil

Zhu Qingqiao, embaixador da China no Brasil, afirma que seu país mudou regras e ampliou compras para ajudar Brasil em meio ao tarifaço de Trump

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, durante evento no Rio de Janeiro, em julho de 2025 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, durante evento no Rio de Janeiro, em julho de 2025 (Tomaz Silva/Agência Brasil)

Rafael Balago
Rafael Balago

Repórter de macroeconomia

Publicado em 13 de outubro de 2025 às 10h55.

Última atualização em 13 de outubro de 2025 às 10h59.

O embaixador da China no Brasil, Zhu Qingqiao, disse que o mundo enfrenta 'ventos contrários e correntes adversas' pela atuação de grandes potências, em referência à guerra comercial iniciada pelos Estados Unidos, e que a China tem ajudado o Brasil a aumentar suas compras do país e abrir seu mercado a mais produtos brasileiros.

"Algumas grandes potências, obcecadas pela supremacia do poder e pela 'sua prioridade', mantêm a mentalidade da Guerra Fria, aplicam a Lei da Selva, interferem arrogantemente nos assuntos internos de outros países e incitam guerras comerciais e tarifárias, o que prejudicam gravemente a economia mundial, o sistema multilateral de comércio e as regras e ordem internacionais", disse Qingqiao, durante a Conferência Anual CEBC 2025, organizada pelo Conselho Empresarial Brasil-China, em São Paulo, nesta segunda-feira, 13.

"Diante das questões fundamentais do nosso tempo – desenvolvimento ou retrocesso, união ou divisão, diálogo ou confronto, cooperação ganha-ganha ou jogo de soma zero – a China permanece firmemente ao lado certo da história e opõe-se resolutamente a práticas de hegemonismo e intimidação e tendências de desglobalização", afirmou.

Aumento de exportações do Brasil para a China

O embaixador apontou ainda que a China facilitou regras e abriu mercados a mais produtos brasileiros, o que ajudou o país a encontrar um novo mercado para produtos que receberam taxas nos EUA, como carne e café.

"Nos últimos dois meses, a parte chinesa concedeu de forma célere licenças de exportação a um grande número de empresas brasileiras, ajudando-as a aliviar pressões externas", afirmou.

Segundo o embaixador, nos primeiros nove meses deste ano, as exportações brasileiras para a China cresceram 1,5 ponto percentual em relação a 2024, representando cerca de 30% do total das exportações do Brasil.

"Somente em setembro, as exportações brasileiras para a China aumentaram 15% em relação a agosto, quando já haviam crescido mais de 30%", disse.

Segundo Qingqiao, neste período, as exportações de café, carne bovina e soja para a China, que em agosto haviam aumentado respectivamente 132%, 90% e 28%, continuaram a crescer respectivamente 193%, 76% e 58%.

"Ao mesmo tempo, as empresas chinesas têm intensificado seus investimentos no Brasil: montadoras de veículos de nova energia iniciaram operações, os serviços de delivery e alimentação expandem-se rapidamente e as empresas de
infraestrutura vencem licitações de grandes projetos locais", afirmou o embaixador.

Apoio à COP30

Qingqiao falou ainda sobre a cooperação entre Brasil e China em outras áreas, como inteligência artificial, agricultura, mineração e infraestrutura, e destacou as parcerias na área ambiental.

"A China apoiará plenamente o Brasil na organização da conferência, ajudando o Brasil a deixar uma distinta “marca brasileira” na agenda climática global", disse.

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