Guaidó: autoproclamado presidente interino da Venezuela será investigado (Carlos Becerra/Getty Images)
EFE
Publicado em 6 de setembro de 2019 às 14h30.
Última atualização em 6 de setembro de 2019 às 14h34.
Caracas - O procurador-geral da Venezuela, Tarek Saab, anunciou nesta sexta-feira a abertura formal de uma investigação contra o chefe do Parlamento e autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, acusado pelo governo de pretender abandonar a reivindicação do Essequibo, uma região disputada com a Guiana desde o século XIX.
"Iniciamos uma investigação contra o cidadão Juan Guaidó, (os opositores) Vanessa Neumann, Manuel Avendaño por estarem supostamente envolvidos em uma negociação ilegal, pelas costas do país, de que pretendem desistir da histórica reivindicação do nosso país sobre o território do Essequibo", disse Saab.
Em declarações ao canal estatal "VTV", Saab afirmou que a investigação foi aberta na quinta-feira, após solicitação do presidente venezuelano, Nicolás Maduro.
A vice-presidente do país, Delcy Rodríguez, apresentou à imprensa estatal um áudio no qual, supostamente, Neumann e Avendaño diziam que se a oposição venezuelana deixasse de reivindicar o Essequibo, teria mais apoio do Reino Unido. A Guiana é uma ex-colônia britânica.
Neumann, a quem Rodríguez se referiu como funcionária do governo dos Estados Unidos, atualmente está designada pelo Parlamento como enviada especial de Guaidó para o Reino Unido, enquanto Avendaño foi apresentado como "assessor" do líder opositor, que hoje é reconhecido como presidente interino por mais de 50 países.
Rodríguez acusou Guaidó de pertencer "a uma organização criminosa", a qual acusou de buscar "satisfazer interesses de empresas transnacionais", e informou sobre o pedido de Maduro à Procuradoria-Geral para que o opositor fosse investigado.
O procurador-geral condenou a suposta conversa de Neumann e Avendaño compartilhada por Rodríguez e argumentou que a desistir de reivindicar o Essequibo pode representar o crime "de traição à pátria".
A região do Essequibo está sob mediação das Nações Unidas desde a assinatura do Acordo de Genebra, em 1966, mas a disputa territorial se aguçou nos últimos anos, após a descoberta por parte da Exxon Mobil de jazidas de petróleo em águas na região.
O governo da Venezuela emitiu então um decreto presidencial em defesa do país, com uma demarcação que incluía como próprias todas as águas do Atlântico em frente à costa do Essequibo, manobra que gerou a rejeição do governo de Guiana e disparou a tensão entre as duas partes.
A região do Essequibo abrange uma área de aproximadamente 160 mil quilômetros quadrados, o que representa três quartos do território da Guiana.