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Gu Kailai é condenada à morte, mas evita a execução

A esposa do ex-alto dirigente Bo Xilai foi declarada culpada por assassinato e condenada à morte. No entanto, a pena será suspensa se ela demostrar bom comportamento

Gu Kailai, mulher de Bo Xilai, diante da justiça chinesa (CCTV via Reuters TV)

Gu Kailai, mulher de Bo Xilai, diante da justiça chinesa (CCTV via Reuters TV)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 07h20.

Pequim - Um tribunal chinês declarou nesta segunda-feira culpada de assassinato premeditado a esposa do ex-alto dirigente Bo Xilai, Gu Kailai, à qual impôs uma pena de morte suspensa, uma condenação que na prática evita a execução.

Um porta-voz do tribunal intermediário de Hefei (leste da China), Tang Yigan, disse que embora o "desprezível" assassinato do empresário britânico Neil Heywood em novembro do ano passado merecia a pena de morte, se optou por impor uma condenação suspensa devido a circunstâncias atenuantes.

A condenação suspensa é uma figura legal na China que permite comutar a pena de morte por outra de prisão se o réu mostrar bom comportamento durante um período determinado.

Entre as circunstâncias atenuantes, o porta-voz enumerou problemas de saúde mental da esposa de Bo Xilai, e o fato de que Heywood, um amigo da família que tinha mantido disputas econômicas com Gu, teria ameaçado verbalmente o filho desta.

Sempre segundo a versão do tribunal, a acusada tinha aceitado as acusações e tinha fornecido informações que ajudou a investigar delitos cometidos por outros.

Segundo Tang, a condenada também aceitou sem discutir a sentença que lhe foi imposta: 'O julgamento é justo. Mostra um respeito especial à lei, à realidade e à vida', declarou Gu de acordo com a versão do tribunal, que indica, além disso, que nem ela nem Zhang Xiaojun, empregado da família Bo e também acusado no caso, planejam apelar.

Zhang recebeu uma condenação de nove anos de prisão, ao ser considerado, segundo o tribunal, unicamente um cúmplice no delito.

O caso em torno da morte de Heywood representou o maior escândalo nas altas esferas políticas chinesas nos últimos dez anos.

Segundo a versão do tribunal, em novembro Heywood viajou de Pequim para um hotel dos arredores de Chongqing - onde Bo Xilai era o chefe do Partido Comunista da China - a convite de Gu. Após beber álcool, se sentiu mal e vomitou, momento no qual Gu lhe deu para beber uma garrafa de água na qual tinha diluído cianureto.

Após isso, Gu deixou algumas pastilhas com sedativos no quarto para simular um acidente e saiu do quarto pondo o cartaz de 'não incomodar' na porta, por isso que os funcionários do hotel só descobriram o corpo do empresário no dia seguinte.

Inicialmente as autoridades atribuíram a um excesso de álcool a morte de Heywood, cujo corpo foi cremado.


Além de Gu, também foram condenados quatro altos cargos da Polícia de Chongqing, declarados culpados de encobrir Gu e de entorpecer as investigações após a morte do empresário britânico.

Os quatro altos cargos - Guo Weiguo, Li Yang, Wang Pengfei e Wang Zhi - foram condenados a penas que oscilam entre cinco e 11 anos de prisão.

O escândalo eclodiu em fevereiro quando Wang Lijun, vice-prefeito de Chongqing e mão direita de Bo, pediu asilo no consulado dos Estados Unidos na cidade de Chengdu, próxima a Chongqing.

Ali Wang, que também poderia ser julgado nos próximos dias por traição, denunciou, supostamente, a má prática de Bo e os vínculos de Gu com a morte de Heywood.

No dia 10 de abril, Gu e Zhang foram declarados 'altamente suspeitos' da morte do empresário.

Então, e de forma quase simultânea, também se revelou a suspensão de Bo Xilai do Politburo e do Comitê Central do PCCh por 'supostas irregularidades', sem vincular ambos os casos.

Até então, se dava por certo que quando o PCCh celebrasse seu 18º Congresso em outubro, o carismático Bo, de 63 anos e um dos políticos mais populares na China, seria um dos novos membros do Comitê Permanente do Politburo, o órgão de direção colegiada do Partido.

Uma das grandes incógnitas após o processo será, justamente, saber qual é o destino de Bo, de quem não se voltou a ter notícias desde sua destituição.

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