Mundo

Grupos LGBT da Austrália rejeitam plebiscito sobre casamento

Um dos únicos países desenvolvidos onde a união entre pessoas do mesmo sexo não é legalizada, a Austrália tentou resolver a questão via voto popular

Casal gay: Austrália queria um plebiscito sobre a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo. Comunidade LGBTI rechaçarou a ideia

Casal gay: Austrália queria um plebiscito sobre a legalização da união entre pessoas do mesmo sexo. Comunidade LGBTI rechaçarou a ideia

Gabriela Ruic

Gabriela Ruic

Publicado em 11 de outubro de 2016 às 13h41.

Última atualização em 4 de novembro de 2016 às 10h20.

São Paulo – A legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Austrália parece distante de acontecer depois que os planos do governo de realizar um plebiscito sobre a questão foram por água abaixo nesta terça-feira. O país é um dos únicos desenvolvidos onde essa igualdade ainda não é realidade.

Nesta semana, o parlamento da Austrália rejeitou uma proposta de plebiscito sobre a legalização da união. Essa oposição veio do Partido dos Trabalhadores e de grupos que representam a comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros e pessoas Intersexuais) no país. Andrew Barr, um dos mais conhecidos políticos gays do país, também se opôs a essa consulta pública.

Agora, com a rejeição desse plebiscito, é possível que a questão continue pendente, uma vez que deve voltar à tona apenas em 2019, quando novas eleições gerais estão agendadas. O plebiscito, em tese, deveria acontecer em fevereiro do ano que vem.

Mas o que aconteceu?

O Partido dos Trabalhadores e os grupos de defesa da comunidade LGBTI são, evidentemente, a favor da legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A questão, no entanto, é que eles acreditam que esse movimento não tem de ser realizado via consulta pública, a qual consideram ofensiva, mas sim por meio de uma votação direta do parlamento.

“Queremos a igualdade de casamento o quanto antes e pelos menores custos”, disseram os grupos LGBTI em um comunicado assinado em conjunto e divulgado em setembro. “E a forma mais eficiente de atingirmos essa igualdade é com uma votação no parlamento, que tem poderes para tanto como confirmado pela Suprema Corte em 2013”.

Na visão das organizações, o plebiscito do governo primeiro-ministro, o conservador Malcom Turnbull, é desnecessário, caro e polarizador, além de potencialmente danosa ao estado psicológico dos membros dessa comunidade. “Nenhum australiano deveria testemunhar um debate sobre o seu valor ou o valor das suas relações amorosas”, afirmam as entidades.

“Nenhuma questão de direitos humanos é colocada em votação na Austrália”, disse Barr em entrevista à CNN, “podemos declarar guerra e enviar tropas para batalhas fora do país sem consultar o parlamento. Agora, quando a questão é algo tão direto quanto permitir a todos o casamento, o nosso governo acredita que todos os australianos devem votar”, questionou.

O apoio ao casamento entre pessoas do mesmo sexo é esmagador na Austrália. Uma pesquisa conduzida pela consultoria australiana Essential Research no início de outubro, mostrou que 58% da população apoia essa legalização e votariam a favor em um eventual plebiscito, contra 28% que se manifestaram contra.

Embora a aprovação tenha contornos de unanimidade, conservadores do partido de Turnbull, que é a favor da união entre casais do mesmo sexo, defendiam o plebiscito esperando mudar o resultado nas urnas. “Os conservadores creem que o voto do público é a sua melhor esperança para derrotar o casamento ou ao menos atrasá-lo” comentou John Warhust, professor de Ciências Políticas ouvido pela CNN.

Com a rejeição da proposta do plebiscito, a expectativa dos defensores do casamento entre pessoas do mesmo sexo é continuar pressionando o governo para que a votação direta no parlamento aconteça ainda em 2016.

Acompanhe tudo sobre:AustráliaCasamentoDireitosDireitos civisDireitos HumanosGaysLGBTPaíses ricosPreconceitos

Mais de Mundo

Oposição concorda com Maduro e diz que parte da Guiana pertence à Venezuela

Imigrantes recorrem ao WhatsApp para se anteciparem a ações de deportação nos EUA

Paraguai convoca embaixador do Brasil no país para explicar suposto monitoramento da Abin

Mais de 20 estados processam governo Trump por cortes bilionários em financiamento de Saúde