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Grupos de ódio aumentaram nos EUA com Trump, diz estudo

Este aumento esteve impulsionado pela ascensão de grupos anti-muçulmanos, que praticamente triplicaram, de 34 em 2015 para 101 em 2016

Grupos de ódio: "O país viu ressurgir o nacionalismo branco, que põe em perigo o progresso que conseguimos em questões raciais" (Neil Hall/Reuters)

Grupos de ódio: "O país viu ressurgir o nacionalismo branco, que põe em perigo o progresso que conseguimos em questões raciais" (Neil Hall/Reuters)

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EFE

Publicado em 15 de fevereiro de 2017 às 16h36.

Washington - O número de grupos de ódio nos Estados Unidos aumentou em 2016, após reduções em exercícios anteriores, devido à retórica de campanha do presidente republicano Donald Trump, que "deu energia" ao radicalismo, é o que explica um relatório publicado nesta quarta-feira pela organização Southern Poverty Law Center (SPLC, sigla em inglês).

"O número de grupos de ódio nos Estados Unidos aumentou pelo segundo ano consecutivo em 2016, pois a candidatura de Donald Trump deu energia à direita radical", afirma o relatório desta organização sem fins lucrativos que promove a defesa dos direitos civis.

Este aumento esteve impulsionado pela ascensão de grupos anti-muçulmanos, que praticamente triplicaram, de 34 em 2015 para 101 em 2016.

Segundo as estatísticas do FBI, a polícia federal de investigação dos EUA, os crimes de ódio contra muçulmanos, como ataques a mesquitas, aumentaram 67% em 2015, quando Trump apresentou sua candidatura presidencial.

O aumento se dá depois da queda no número de grupos de ódio registrada entre 2012 e 2014, a partir do recorde histórico registrado pela SPLC de 1.018 grupos em 2011.

"O país viu ressurgir o nacionalismo branco, que põe em perigo o progresso que conseguimos em questões raciais, algo que se dá no mesmo momento em que foi eleito um presidente cujas políticas refletem os valores dos nacionalistas brancos", comentou Mark Potok, responsável pelo estudo, em comunicado.

Donald Trump venceu as eleições presidenciais de 2016 após uma campanha na qual prometeu deportações maciças de imigrantes ilegais e interromper a entrada de muçulmanos ao país para conter o terrorismo jihadista.

Além disso, mesmo com as tentativas de Trump de se desvincular desses grupos, os movimentos supremacistas brancos em todo o país pediram voto para o magnata nova-iorquino, porque algumas de suas declarações e propostas estavam em linha com suas ideias, segundo eles.

De acordo com a SPLC, o impacto de organizações que promovem o ódio contra algum coletivo pode ser muito maior, pois muitos destes grupos atuam na internet e não têm uma estrutura ou afiliação formal.

O relatório destaca que, após a eleição de Trump em novembro, o número de incidentes de ódio disparou em apenas dez dias, com 867 episódios registrados pela organização, mais de 300 deles dirigidos contra muçulmanos.

Por outro lado, o número de grupos e milícias "patrióticas" que defendem uma interpretação extrema da Constituição e são antigovernamentais, caiu 38%, para até 623 grupos.

Durante o governo do ex-presidente Barack Obama (2009-2017), estes grupos, que dizem lutar contra a tirania inspirados nas milícias originadas na independência americana, cresceram significativamente.

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