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Grupo separatista ETA entrega armas à Justiça da França

A França encontrou munições, fio detonante e identidades falsas em quatro caixas deixadas no sul de Bayonne

Bandeira Basca: o grupo separatista ETA anunciou que encerrá em maio (Vincent West/Runners)

Bandeira Basca: o grupo separatista ETA anunciou que encerrá em maio (Vincent West/Runners)

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AFP

Publicado em 25 de abril de 2018 às 15h06.

A organização separatista basca ETA, que em breve anunciará sua dissolução, entregou nesta quarta-feira à Justiça francesa várias armas e munições, segundo o promotor da República de Bayonne, no sudoeste da França.

"Um informante anônimo me disse que uma quantidade de armas pertencentes à organização terrorista ETA havia sido depositada em um lugar no sul de Bayonne", explicou à AFP Samuel Vuelta Simon, confirmando informações do jornal espanhol El Mundo.

Segundo uma fonte próxima à investigação, a polícia francesa recuperou quatro caixas deixadas "ao ar livre em plena cidade".

As caixas continham "vinte armas de cano curto, centenas de munições 9 milímetros e 28 SP, um fio detonante de 20 metros" e vários detonadores elétricos.

Os agentes também encontraram cerca de 200 documentos falsos e material que poderia ser usado para o roubo de carros.

Tudo foi deixado em um local cujas coordenadas foram informadas ao procurador por meio de um "e-mail anônimo".

Após mais de quatro décadas de violência, o ETA (Euskadi Ta Askatasuna, ou País Basco e Liberdade) entregou em 8 de abril de 2017 às autoridades francesas dezenas de armas e centenas de quilos de explosivos que supunham o "desarmamento total" do grupo separatista basco.

"O ETA havia se comprometido encontrar as armas perdidas durante os últimos anos e que não estavam em suas mãos em 8 de abril de 2017", explicou um deles, Jean-Noël Etcheverry, conhecido como "Txetx", entrevistado pela AFP.

"Este processo de entrega, que é confidencial, está em curso", acrescentou, sem dar mais detalhes.

Para o governo de Mariano Rajoy, a entrega de armas de 8 de abril de 2017 foi uma "operação midiática para dissimular sua derrota". Em um comunicado, o Executivo havia assegurado que a única solução para o grupo "era anunciar sua dissolução definitiva, pedir perdão às vítimas e desaparecer".

A organização separatista pediu perdão na semana passada às vítimas do conflito e afirmou estar consciente da "dor" e dos "graves danos" causados durante sua luta armada - embora suas desculpas dirigidas apenas aos afetados "sem responsabilidade" tenham gerado polêmica na Espanha.

Criado em 1959 sob a ditadura de Francisco Franco, o ETA se prepara para anunciar formalmente sua dissolução no início de maio.

Um "encontro internacional" para alcançar uma "paz justa e duradoura" no País Basco foi marcado para 4 de maio em Cambo-les-Bains, no sudoeste da França, segundo o mediador internacional Raymond Kendall.

"Celebraremos um novo encontro internacional em Cambo em 4 de maio de 2018 (...), que será primordial no avanço do processo de paz definitivo", declarou o especialista britânico, membro do Grupo Internacional de Contato (GIC), que trabalha a favor de um processo de paz no País Basco.

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