Bandeira do Estado Islâmico. (Masrat Zahra/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 17 de junho de 2023 às 10h17.
Um ataque a uma escola no oeste de Uganda pelas Forças Democráticas Aliadas (ADF), um grupo rebelde com supostas ligações com o Estado Islâmico (EI), matou 41 estudantes na manhã deste sábado, 17. Segundo a polícia, seis estudantes foram sequestrados pelo grupo. Entre os mortos, 38 deles eram estudantes. A idade das vítimas não foi divulgada até o momento.
O ataque terrorista ocorreu na escola Lhubirira, na cidade de Mpondwe, a cerca de dois quilômetros da fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), informou a polícia em um comunicado publicado em sua conta no Twitter.
"Um dormitório foi queimado e uma loja de alimentos foi saqueada", disse a polícia. "Oito vítimas também foram resgatadas e permanecem em estado crítico no hospital de Bwera."
Ainda de acordo com os policiais, tropas de Uganda rastrearam os agressores até o território congolês. "Todos os mortos até agora foram confirmados como estudantes da escola", disse Joe Walusimbi, comissário distrital do distrito de Kasese, onde a escola está localizada. Os agressores fugiram para o parque nacional de Virunga, no Congo.
"Oferecemos nossas mais profundas condolências às famílias daqueles que foram mortos e oferecemos nossas orações e pensamentos àqueles que ficaram feridos".
As Forças Democráticas Aliadas são um grupo rebelde de origem ugandense, mas estão atualmente sediadas nas províncias congolesas de Kivu do Norte e na vizinha Ituri, perto da fronteira que a RDC compartilha com Uganda. Seus objetivos são difusos, além de uma possível ligação com o Estado Islâmico (EI) que às vezes é responsabilizado por seus ataques.
Winnie Kiiza, uma influente líder política e ex-legisladora da região, condenou o "ataque covarde" no Twitter. Ela disse que "ataques a escolas são inaceitáveis e constituem uma grave violação dos direitos das crianças", acrescentando que as escolas devem ser sempre "um lugar seguro" para todos os alunos.
Embora os especialistas do Conselho de Segurança da ONU não tenham encontrado nenhuma evidência de apoio direto do EI ao ADF os Estados Unidos identificaram o ADF desde março de 2021 como uma "organização terrorista" afiliada ao grupo jihadista.
As Forças Democráticas Aliadas, ou ADF, são acusadas de lançar muitos ataques contra civis nos últimos anos, principalmente contra comunidades civis em partes remotas do leste do Congo.
O ADF há muito tempo se opõe ao governo do presidente de Uganda, Yoweri Museveni, um aliado de segurança dos EUA que está no poder desde 1986.
Criada no início da década de 1990 em Uganda, a ADF foi forçada a fugir para o leste do Congo, onde muitos grupos rebeldes podem operar porque o governo central do Congo tem controle limitado.
Segundo o Barômetro de Segurança de Kivu (KST), o ADF é responsável por pelo menos 3.850 mortes em 730 ataques perpetrados pelo ADF.
Ataques terroristas com atiradores, como o da escola em Uganda, se tornaram mais frequentes nos últimos anos. O recurso tem sido usado tanto por grupos terroristas islâmicos, como os atentados de Paris, na França. em 2015 e Mumbai, na Índia, em 2008, quanto por extremistas de direita, como foi o caso do atentado de Utoya na Noruega, em 2011. Veja a seguir uma lista dos piores atentados do tipo na história recente
2008 - Atentado de Mumbai, na Índia: 164 mortos: No pior atentado do gênero na história recente, militantes do grupo Lashkar e-Taiba, sediado no Paquistão, atacaram a cidade de Mumbai, na Índia, numa onda de pânico que durou 3 dias e deixou 164 mortos. Os principais alvos foram hotéis e outros locais frequentados por ocidentais. O grupo executou dez ataques simultâneos na cidade.
2015 - Atentado de Paris, na França: 130 mortos: Em uma noite de pânico e terror, ao menos seis atentados simultâneos atingiram pontos distintos de Paris e deixaram 130 mortos. A onda de ataques, reivindicada pelo Estado Islâmico, foi um dos maiores atentados organizados pelo grupo e chocou o mundo. A violência combinou a ação de atiradores armados, explosões e a tomada de reféns em uma casa de shows.
2011 - Atentado de Utoya, na Noruega: 77 mortos: Em julho de 2011, o neonazista Anders Breivik invadiu um acampamento da juventude do Partido Trabalhista da Noruega na Ilha de Utoya, nos arredores de Oslo, e abriu fogo contra dezenas de pessoas, deixando 77 mortos.
2019 - Atentado de Christchurch, Nova Zelândia: 51 mortos: Em março de 2019, Um australiano de 28 anos abriu fogo contra duas mesquitas na Nova Zelândia e matou ao 51 pessoas. O caso chocou o país e promoveu um amplo debate sobre o veto a armas de assalto, liderado pela então premiê Jacinda Arden. O nome do terrorista, que transmitiu o massacre pela internet, nunca foi divulgado para evitar a glorificação da violência no país.
2015 - Atentado de San Bernardino, nos EUA, 14 mortos: Em dezembro de 2015, um casal fortemente armado abriu fogo contra um centro de tratamento de pessoas com deficiência em San Bernardino, na Califórnia, matando 14 pessoas. O ataque também foi reinvidicado pelo Estado Islâmico e tratado como terrorismo pelo FBI.
2015 - Atentado à revista Charlie Hebdo, na França: 12 mortos: Em janeiro de 2015, militantes islâmicos invadiram a sede da revista Charlie Hebdo e mataram 12 pessoas depois da publicação de charges consideradas ofensivas ao profeta Maomé.