Mundo

Grillo diz que Parlamento italiano pode legislar sem governo

"Não é necessário um governo para criar uma nova lei eleitoral ou para iniciar medidas urgentes voltadas às pequenas e médias empresas", disse o ex-comediante


	O ex-humorista Beppe Grillo: o país, que dizem estar sem governo atualmente, segue sob as rédeas do Executivo interino
 (Filippo Monteforte/AFP)

O ex-humorista Beppe Grillo: o país, que dizem estar sem governo atualmente, segue sob as rédeas do Executivo interino (Filippo Monteforte/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de março de 2013 às 12h33.

Roma - Diante do impasse político surgido após as eleições gerais na Itália, o líder do Movimento 5 Estrelas (M5S), o comediante Beppe Grillo, defende que o Parlamento constituído desenvolva sua tarefa legislativa sem a necessidade de um novo governo.

Em uma declaração publicada nesta quinta-feira em seu blog, Grillo advogou por devolver o centro da vida da República ao Parlamento italiano, tendo em vista que o país, que dizem estar sem governo atualmente, segue sob as rédeas do Executivo interino.

"Se a Itália está sem Governo (na verdade tem um governo interino), temos um Parlamento que já pode trabalhar para mudar o país. Não é necessário um Governo para criar uma nova lei eleitoral ou para iniciar medidas urgentes voltadas às pequenas e médias empresas ou para os cortes às províncias", afirmou Grilo.

"O Parlamento poderia discutir e aprovar se quisesse. Temos a ideia que, sem governo, o país é inamovível, congelado, à mercê do prêmio de risco e das agências de classificação de risco, mas o fato é que as leis para as reformas podem ser abordadas e aprovadas sem a necessidade de um governo", completou o político.

As declarações de Grillo vieram à tona horas antes do líder da centro-esquerda, Pier Luigi Bersani, ter se reunido com o presidente da República, Giorgio Napolitano, para lhe informar sobre o resultado das consultas que estão sendo realizadas desde o último sábado para tentar formar um novo governo.


Bersani, que conta com maioria absoluta na câmara Baixa, mas não no Senado, não teve seu governo respaldado, entre outros, pelo movimento de Grillo, que só se mostrou disposto a pactuar lei a lei com o restante dos partidos.

"O Parlamento é soberano ou pelo menos deveria ser. Há muito tempo, no entanto, é um lugar onde não há representantes do povo, mas políticos nomeados pelos partidos, enquanto as leis, sob formas de decretos, emanam do governo e, na sequência, são aprovadas sob a chantagem da questão de confiança", declarou o comediante.

Além disso, Grillo assegurou que há um "Exército de soldados de chumbo sem voz" no Parlamento - com exceção dos deputados e senadores do M5S -, e cobrou de Bersani a votação de uma lei de conflito de interesses, ou seja, de renegociação da concessão de imprensa ao império audiovisual do ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi.

Estas palavras do provocador Grilo chegam minutos depois que Bersani concluísse sua rodada de consultas com as formações parlamentares, a qual, "a priori", manteve a mesmo cenário da última sexta-feira, quando Napolitano foi encarregado de formar um novo governo: a negativa do M5S e uma proposta de Executivo de união nacional por parte de Berlusconi, que continua sendo rejeitada pela centro-esquerda. 

Acompanhe tudo sobre:Crise políticaEleiçõesEuropaItáliaLegislaçãoPaíses ricosPiigs

Mais de Mundo

ONU adverte que o perigo da fome “é real” na Faixa de Gaza

Agência da ONU pede investigação de abusos após cessar-fogo no Líbano

Parlamento britânico debate proposta de lei de morte assistida

Acordo Mercosul-UE não sairá porque camponeses franceses 'não querem', diz Mujica