Greve: os colégios ficaram quase desertos pela ausência de alunos, assim como universidades e institutos tecnológicos (Marco Bello/Reuters)
EFE
Publicado em 28 de outubro de 2016 às 15h39.
Caracas - A greve geral de 12 horas convocada para esta sexta-feira pela oposição venezuelana é cumprida de forma parcial em Caracas porque tanto bancos como estabelecimentos comerciais e escritórios abriram as portas, embora as principais ruas estejam com menos movimento que um dia normal.
A paralisação no comércios e em escritórios foi seguida em maior parte na zona leste da cidade, enquanto nos bairros populares a participação foi menor.
Os colégios ficaram quase desertos pela ausência de alunos, assim como universidades e institutos tecnológicos.
Na populosa região de Petare, a maior favela da América Latina, a atividade praticamente não foi interrompida, segundo disseram à Agência Efe moradores do bairro.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, advertiu na quinta-feira que o governo venezuelano faria uma inspeção às empresas dos setores agroindustrial e farmacêutico do país e que aquelas aderissem à greve geral convocada pela oposição seriam "recuperadas pela classe operária".
"Empresa parada, empresa recuperada pela classe operária. Não vou hesitar nem aceitar nenhum tipo de conspiração", declarou Maduro.
Alguns cidadãos consultados nesta sexta-feira pela Efe disseram que se não trabalharem "não comem", e outros falaram que deveriam pedir autorização para faltar ao trabalho.
A greve foi convocada pela aliança opositora Mesa da Unidade Democrática (MUD) como parte da agenda de protestos pela suspensão do processo para ativar um referendo para revogar Maduro e também contou com o respaldo da Confederação de Trabalhadores da Venezuela.
Por meio da rede social Twitter, a MUD expressou que "as ameaças do governo não intimidaram a população" e publicou uma imagem uma das principais avenidas de Caracas sem trânsito.
"Vamos parar Venezuela um dia, para que a luta não termine nunca. Há 48 horas o chamado foi para sair às ruas. Hoje, faremos o contrário, ficaremos em casa", disse nesta sexta-feira o secretário-executivo da MUD, Jesús Torrealba, em seu programa de rádio "A força é a união", transmitido pela emissora privada "RCR".
"O governo está há 17 anos paralisando o país em guerra econômica contra as pessoas de trabalho", criticou Torrealba, que garantiu que a administração de Maduro "tem os dias contados" porque "destruiu a si mesma".
Principal promotor do referendo, Henrique Capriles, disse pelo Twitter que "a jornada de protesto de hoje é absolutamente voluntária" e que "os venezuelanos exigem que Maduro e sua cúpula respeitem a Constituição".
"A solidão das ruas em sintonia com a solidão da cúpula corrupta do Partido Socialista Unido da Venezuela. Que termine o golpe e respeitem a Constituição", afirmou o opositor.
O dirigente chavista Ernesto Villegas garantiu ao canal estatal "VTV" que "o povo não acatou a greve" convocada pela oposição.
Na conta do Twitter desse mesmo canal foram publicadas imagens de pessoas em seus postos de trabalho, assim como o transporte público com passageiros.