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Grécia sobe o tom antes de reunião sobre refugiados

A reunião ocorre um dia após um encontro restrito em Viena, do qual a Grécia, principal país de entrada na UE, foi excluído


	Refugiados: "A Grécia não aceitará se converter no Líbano da Europa", acrescentou Mouzales
 (Alkis Konstantinidis / Reuters)

Refugiados: "A Grécia não aceitará se converter no Líbano da Europa", acrescentou Mouzales (Alkis Konstantinidis / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2016 às 13h21.

A Grécia chamou para consultas sua embaixadora em Viena e disse que não quer ser o "Líbano da Europa", antes de uma reunião de ministros da União Europeia em Bruxelas, que busca fixar uma política migratória comum diante das medidas unilaterais adotadas por vários países membros.

A reunião ocorre um dia após um encontro restrito em Viena, do qual a Grécia, principal país de entrada na UE e o mais afetado pelo fechamento das fronteiras decidido por alguns países, foi excluído.

"A embaixadora da Grécia em Viena foi chamada para consultas para conservar as boas relações entre os dois países e os povos de Grécia e Áustria', indicou um comunicado do ministério das Relações Exteriores grego.

Ao chegar a Bruxelas, o ministro grego de Política Migratória, Yannis Mouzalas, lançou uma dura advertência à UE e ameaçou tomar decisões unilaterais.

"A Grécia não aceitará ações unilaterais. A Grécia também pode empreender ações unilaterais", disse Mouzalas.

"A Grécia não aceitará se converter no Líbano da Europa", acrescentou Mouzales.

Muitos "participantes vão tentar discutir como enfrentar uma crise humanitária que eles mesmos têm a intenção de criar", insistiu.

Por sua vez, o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, classificou nesta quinta-feira de estranha a decisão da Bélgica de restabelecer os controles em sua fronteira com a França, para enfrentar os deslocamentos de migrantes procedentes da chamada selva de Calais.

Enquanto isso, a Comissão Europeia criticou a decisão da Hungria de realizar um referendo sobre a divisão dos migrantes entre os 28 países da UE.

"Não conseguimos entender como isso se integraria no processo de decisão no qual todos os Estados membros entraram em acordo", disse Natasha Bertaud, porta-voz do executivo europeu.

Por sua vez, o primeiro-ministro húngaro criticou o tom "abrupto, grosseiro e agressivo" da Alemanha na crise dos refugiados e disse que há alternativas à política migratória alemã.

A Hungria e outros países criticam a política impulsionada pela chanceler Angela Merkel que fez com que em 2015 a Alemanha recebesse mais de 1,1 milhão de migrantes.

Angela Merkel também enfrenta uma onda de críticas em seu próprio partido e uma queda de popularidade na Alemanha, razão pela qual no fim de fevereiro apresentou um pacote de medidas para endurecer os direitos de asilo.

Nesta quinta-feira os deputados alemães aprovaram por ampla maioria as novas leis que prolongam a reunificação familiar, aceleram em certos casos o estudo dos pedidos de asilo e a expulsão das pessoas que não o obtiveram e reduz as ajudas sociais.

Sérvia e Macedônia, que não formam parte da União Europeia, mas por onde os migrantes transitam rumo ao norte da Europa, foram convidados a um encontro prévio à reunião de ministros do Interior.

Assim como Áustria e Eslovênia (membros da UE e do espaço Schengen de livre circulação), Sérvia e Macedônia terão que explicar as medidas que adotaram para reduzir a entrada de migrantes.

Estas medidas, em particular as da Macedônia, que decidiu impedir o trânsito dos afegãos e exigir documentos de identidade aos sírios e iraquianos, complicam ainda mais a tarefa das autoridades gregas.

No posto fronteiriço de Idomeni, entre Grécia e Macedônia, 3.500 migrantes esperavam nesta quinta-feira para entrar na Macedônia, que reduziu a quantidade de migrantes autorizados a ingressar em seu território.

Na tarde desta quinta-feira, 400 migrantes abandonaram o campo de Diavata, perto de Tessalônica, para se dirigir caminhando a Idomeni, o que lembra as imagens dos milhares de refugiados nas estradas da Europa durante o último verão.

Desde o início de 2016, a Grécia já registrou a chegada de 102.000 migrantes através do mar Mediterrâneo, indicou a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

"As iniciativas isoladas não levam a lugar nenhum", declarou o comissário europeu de Migração, o grego Dimitris Avramopoulos.

"Estão em jogo a unidade da União Europeia e vidas humanas", acrescentou.

Durante a reunião, os ministros dos 28 países da UE receberão o vice-ministro do Interior turco, Sebahattin Ozturk.

O objetivo é fazer um balanço dos esforços turcos para frear o fluxo de migrantes à UE diante da cúpula UE-Turquia sobre o tema, que será realizada em 7 de março em Bruxelas.

Apesar dos compromissos da Turquia, o número de migrantes provenientes da costa turca que chegam à Grécia continua sendo muito alto, afirmam os dirigentes europeus.

O governo grego tem cada vez mais dificuldades para receber os migrantes, que se acumulam em seu país. E, enquanto isso, a distribuição de solicitantes de asilo nos outros países da UE não é colocada em prática.

Apenas 600 migrantes que chegaram à Itália e à Grécia foram transferidos a outros países, de um total de 160.000 que devem ser realojados em dois anos.

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