Mundo

Grécia inicia contagem regressiva para voltar às urnas

Jurista Panayotis Pikrammenos, de 67 anos, lidera um Executivo que tem como missão a simples gestão do Estado até as novas legislativas.

O novo Parlamento, com sete partidos representados, é o mais plural desde as eleições de 1977 (Louisa Gouliamaki/AFP)

O novo Parlamento, com sete partidos representados, é o mais plural desde as eleições de 1977 (Louisa Gouliamaki/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 17 de maio de 2012 às 20h51.

Atenas - A contagem regressiva para as novas eleições legislativas na Grécia dentro de um mês começou nesta quinta-feira com a posse do governo interino e a formação do Parlamento, em um clima de azeda disputa política e piora das condições econômicas.

Devido à incapacidade dos partidos eleitos no pleito do dia 6 de maio em pactuar uma coalizão de governo, o presidente do Conselho de Estado, o jurista Panayotis Pikrammenos, de 67 anos, lidera um Executivo que tem como missão a simples gestão do Estado até as novas legislativas.

O governo de Pikrammenos, de caráter técnico, está composto quase exclusivamente por magistrados e catedráticos, e o único político é o ministro de Exteriores, Petros Molyviatis, que já ocupou esse cargo durante o mandato do chefe do Executivo conservador, Kóstas Karamanlís.

A importante pasta de Finanças ficou com Yeoryios Zaniás, um colaborador próximo do líder social-democrata, Evangelos Venizelos, anterior responsável desse Ministério.

Além disso, os políticos gregos eleitos no pleito de maio recolheram hoje suas atas de deputado e assumiram seus mandatos, que serão brevíssimos, já que nos próximos dias o Parlamento será dissolvido para convocar novas eleições, previstas para o dia 17 de junho.


O novo Parlamento, com sete partidos representados, é o mais plural desde as eleições de 1977, mas justamente sua fragmentação foi uma das causas que impediu a formação do governo.

A cerimônia de posse foi realizada na presença do Arcebispo de Atenas e Primaz da Grécia, Ieronimos II, pois neste país a Igreja Ortodoxa tem grande influência e o Estado é "de fato" confessional.

Enquanto isso, os partidos já começaram a pré-campanha eleitoral, que promete ser muito polarizada e praticamente um plebiscito sobre a permanência do país na eurozona, como demonstram as declarações do líder da conservadora Nova Democracia (ND), Antonis Samaras.

"A batalha que começa para as novas eleições não é sobre os partidos ou a influência eleitoral, mas sobre se a Grécia permanecerá dentro da Europa, enquanto a Europa muda, ou se a Grécia deverá sair da Europa, arriscando-se a perder muito mais", afirmou.

O líder da Coalizão da Esquerda Radical (Syriza), Alexis Tsipras, favorito nas pesquisas, se mostrou hoje esperançoso em que sua formação conseguirá "dobrar" os resultados de 6 de maio, quando recebeu cerca de 17% dos votos.


"O povo completará o grande passo dado no dia 6 de maio. O povo derrotará o medo. Nós não abandonaremos nem deixaremos que nos chantageiem. Poremos um fim definitivo à corrupção. Pedimos um mandato do povo para formar um governo de esquerda", disse Tsipras, criticando a contínua campanha de desqualificações contra seu partido por parte da ND e do social-democrata Pasok.

"O país vai às eleições e perderá um tempo histórico", lamentou Venizelos, líder do Pasok, um partido abandonado por dois terços de seus eleitores e que as pesquisas preveem que ainda consiga piores resultados em junho.

"Alguns não querem assumir a responsabilidade dada pelo povo (...) Esses que acham que poderão lutar contra a senhora (Angela) Merkel, vivem em um sonho", acrescentou em referência aos esquerdistas de Syriza, que pretendem derrogar o memorando de medidas de austeridade imposto pela União Europeia (UE).

Enquanto isso, a instabilidade política fez com que os correntistas retirassem centenas de milhões de euros de suas contas nos últimos dias, embora hoje, Michael Massourakis, economista-chefe do Alphabank, um dos principais bancos gregos, tenha garantido à Agência Efe que não se esperam muitos problemas.

"Enquanto a Grécia se mantiver no euro, não haverá pânico bancário", frisou, para ressaltar que acredita que não existem possibilidades que se chegue a esse extremo, já que o Banco Central do país e a eurozona continuam apresentando liquidez.

Acrescentou que "estas situações degeneram quando as pessoas vão ao banco e não há dinheiro, mas neste caso, sim, há. Se o povo entrar em pânico e for ao banco, obterá seu dinheiro. Dessa forma, o pânico terminará rápido".

A Bolsa de Atenas fechou hoje com uma baixa de 3,41%, que, somada às quedas acumuladas nas duas últimas semanas, deixou o principal índice da bolsa, o ATHEX, no mínimo histórico dos últimos 22 anos.

Acompanhe tudo sobre:Crise gregaEleiçõesEuropaGréciaPiigs

Mais de Mundo

Califórnia promete intervir se Trump eliminar incentivos fiscais a veículos elétricos

Trump diz que taxará produtos do México e Canadá assim que assumir a presidência

Mais de R$ 4,3 mil por pessoa: Margem Equatorial já aumenta pib per capita do Suriname

Nicarágua multará e fechará empresas que aplicarem sanções internacionais