Protestos em Atenas: medo de uma crise social no país (Panagiotis Tzamaros/AFP Photo)
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2011 às 16h51.
Atenas - O governo grego, dirigido por George Papandreou, terá muitas dificuldades para cumprir nas próximas semanas a série de medidas de ajuste fiscal suplementares prometidas na quarta-feira à França e Alemanha, dizem analistas de mercado.
O primeiro-ministro grego manifestou na quarta-feira ao presidente francês Nicolas Sarkozy e à chanceler alemã Angela Merkel sua "absoluta determinação" em cumprir seus compromissos orçamentários.
O objetivo de Papandreou é garantir que a Grécia continue recebendo a assistência financeira da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI), sem a qual o país quebraria, a começar por seus bancos.
Concretamente, ao menos três medidas terão que ser aplicadas nas próximas semanas: o estabelecimento de um salário único entre funcionários públicos, a fusão de centenas de organismos paraestatais com o objetivo de reduzir o número de funcionários, e a aplicação de mais taxas aos proprietários de imóveis.
Esta última medida trouxe especial indignação, pois o país conta com mais de 70% da população sendo proprietária de um ou mais imóveis.
"Todos os gregos são responsáveis pelo que está acontecendo e não apenas os donos de imóveis", disse o cientista político da universidade Panteios, de Atenas, Persefoni Zeris.
Para o presidente de um instituto de pesquisas, Ilias Nikopopoulos, a pergunta é "como fará o governo para aplicar em dois meses as medidas que têm tentado instaurar há um ano e meio?".
A aplicação das medidas de rigor, dizem os especialistas, são ameaçadas pelas lacunas de uma administração fiscal, que estão desmotivadas pelos cortes salariais realizados, e pela cultura da impunidade, tolerada por esse mesmo sistema político.
"Seria preciso reformar todo o Estado grego", disse um diplomata europeu.
No dia 26 de setembro, os organismos paraestatais obrigados a fundir-se terão que apresentar listas com os nomes dos 10% dos seus empregados que serão demitidos.
Com isso, o cientista político Thomas Gerakis prevê uma crise social neste inverno: "a indignação deve passar em breve para desespero", disse.
Quanto a responsabilidade política, Persefoni Zeris culpa tanto o governo socialista como a oposição de direita.
O Executivo é, segundo ela, culpado por ter prometida reformas à UE e ao FMI, prometendo-lhes reformas sem realmente aplicá-las.
O principal partido da oposição conservadora, Nova Democracia, insiste em criticar a política de rigor. Según Zeris, esta formação não é capaz de "compreender as consequências de uma quebra, que iria demolir toda sociedade, inclusive os partidos opositores".