Graziano substituiu o senegalês Jacques Diouf em 1o de janeiro (Alberto Pizzoli/AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de janeiro de 2012 às 19h05.
Roma - Pela primeira vez desde que foi fundada, em 1945, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO) é presidida por um latino-americano, o brasileiro José Graziano da Silva, que deu nesta terça-feira sua primeira coletiva de imprensa após assumir o cargo que terá por desafio erradicar, ou ao menos reduzir, a fome no mundo.
O brasileiro, de 62 anos, substitui desde 1o. de janeiro o senegalês Jacques Diouf à frente da organização internacional para o período 2012-2015.
A candidatura do brasileiro, que trabalhava como chefe da FAO para a América Latina, foi impulsionada pelo governo de Luiz Inacio Lula da Silva e apoiada pela atual presidente Dilma Rousseff.
Graziano, formado em Agronomia pela Universidade de São Paulo, com especialização em Economia Rural e Socologia, mestrado em Ciências Econômicas (Universidade de Campinas) e um doutorado em Estudos Latino-Americanos (College of London), é um especialista no setor, e possui vasta experiência.
Desde 1977, impulsionou vários programas de desenvolvimento rural e de luta contra a fome como professor universitário.
Em 2001, durante o governo Lula, foi nomeado Ministro Extraordinário de Segurança Alimentar e responsável pelo bem-sucedido programa "Fome Zero", precisamente para lutar contra a fome.
Em cinco anos, este plano fez com que a desnutrição no Brasil caísse 25% e que cerca de 24 milhões de pessoas saíssem da extrema pobreza, segundo dados do governo.
Nascido em 17 de novembro de 1949, Graziano ocupava o cargo de Representante Regional e Subdiretor da FAO desde março de 2006.
Durante sua gestão, promoveu o fortalecimento da produção rural, assim como da agricultura familiar, para melhorar a segurança alimentar.
Além disso, foi responsável pela "Iniciativa para uma América Latina e um Caribe livres de Fome", que busca erradicar a fome antes de 2025.
Em sua primeira coletiva de imprensa como diretor-geral, Graziano reiterou sua vontade de aprofundar a reforma da FAO por meio de uma descentralização que conceda maior importância às representações nacionais e permita aos governos participar na definição de prioridades.
O economista ilustrou seu programa de gestão da FAO baseado em cinco pilares, entre eles a produção e o consumo sustentáveis de alimentos, uma maior justiça na gestão dos alimentos e o impulso da cooperação Sul-Sul.
Segundo números da FAO, quase um sexto da população mundial, cerca de 925 milhões de pessoas, passam fome.
O novo líder da FAO foi chamado a liderar a resposta internacional a um dos grandes dramas da humanidade, que se agravou com a crise pela alta dos preços dos alimentos de 2007-2008 e pela especulação no mercado das matérias-primas e agrícolas.