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Grávidas evitam viagens exóticas devido zika vírus

Grávidas estão fazendo mudanças de última hora em suas viagens de férias para fugir da exposição ao vírus, que está se propagando pela América

Mulher grávida durante consulta: cientistas não conseguem calcular o risco de que contrair o zika durante a gravidez tenha consequências negativas para a criança (monkeybusinessimages/Thinkstock)

Mulher grávida durante consulta: cientistas não conseguem calcular o risco de que contrair o zika durante a gravidez tenha consequências negativas para a criança (monkeybusinessimages/Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 28 de janeiro de 2016 às 20h04.

Katie Aslesen devia estar molhando os pés nas águas cristalinas da ilha Cozumel.

Em vez disso, ela, que é natural de Minnesota e está grávida de quatro meses, e seu marido trocaram o “babymoon” – férias para futuros pais – por Cocoa Beach, Flórida.

Eles fizeram a mudança de última hora para fugir da possível exposição ao vírus zika, transmitido por mosquitos, que está se propagando pela América.

O zika pode fazer com que os bebês nasçam com microcefalia, que causa danos cerebrais e faz com que o tamanho da cabeça seja anormalmente pequeno.

Aslesen, 26, ouviu falar do vírus pela primeira vez “em notícias do Facebook, e então, no dia seguinte, apareceu em todos os lados: emissoras de notícias, programas de entrevistas, o site do CDC.

Sem falar nos familiares que ligaram, mandaram mensagens de texto ou escreveram pelo Facebook para aconselhar que não viajássemos”, disse ela, que espera seu primeiro filho. Cocoa Beach “talvez não seja tão quente quanto Cozumel, no México, mas pelo menos nosso filho está protegido”.

Riscos

Atualmente, os cientistas não conseguem calcular o risco de que contrair o zika durante a gravidez tenha consequências negativas para a criança vindoura, mas os futuros pais e os países afetados não querem correr riscos. Autoridades de El Salvador sugeriram que as mulheres adiem a gravidez até 2018 por causa da epidemia.

A Colômbia, o Equador e a Jamaica pediram adiamentos menos prolongados; o vírus nem sequer foi confirmado ainda na Jamaica.

Os Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA (CDC, na sigla em inglês) aconselharam que as mulheres considerem adiar viagens às regiões afetadas pelo zika e tomem precauções contra picadas de mosquitos se viajarem.

A Organização Mundial da Saúde espera que o vírus chegue a todos os países do continente americano, exceto o Canadá e o Chile continental, dois lugares que não são o habitat do tipo de mosquito que dissemina a doença.

O México, incluído na lista de alerta de viagem dos CDC, foi um dos principais destinos de babymoon no ano passado, segundo o site fitpregnancy.com, que recomenda Riviera Nayarit, no litoral desse país no Pacífico, junto a Kauai, Havaí e Sedona, no Arizona, que não estão na lista.

Jay Guerrero, diretor de vendas do Colibri Boutique Hotels, um grupo de cinco imóveis de luxo em Tulum, no litoral mexicano, disse que o prejuízo monetário foi pequeno até agora.

O México tem dezoito casos confirmados do vírus, mas nenhum em Quintana Roo, o estado onde fica Tulum, disse a assessoria de imprensa do Ministério da Saúde.

Cancelamentos e reembolsos

A Latam Airlines Group, com sede em Santiago, a maior empresa aérea da América Latina, está permitindo a troca de destinos, cancelamentos e reembolsos para os clientes que viajam para os países afetados pelo vírus, desde que apresentem um certificado médico, segundo um comunicado enviado por e-mail.

A Gol Linhas Aéreas Inteligentes, a maior empresa aérea do Brasil, está oferecendo opções similares e permite que as clientes grávidas antecipem a sua volta de regiões afetadas sem cobrar taxas extras, disse a empresa por e-mail.

A Azul Linhas Aéreas Brasileiras, a terceira maior empresa aérea do Brasil, aumentou em 30 por cento os voos que saem e chegam de Recife. Mais de um quarto dos 4.180 bebês investigados pelo Ministério da Saúde do Brasil por sintomas de microcefalia estão no estado de Pernambuco, segundo o site do ministério.

A Azul não recebeu muitos pedidos de cancelamento ou troca de passagens por causa do vírus zika por enquanto, mas está analisando cada caso individualmente, “sempre em busca da melhor solução para o cliente”, disse a empresa por e-mail.

Aslesen, que conseguiu vender a viagem original a dois amigos, perdeu US$ 600 na troca.

“A princípio, eu estava muito triste por termos que trocar nossa viagem em cima da hora, e o estresse para tentar vendê-la foi uma loucura”, disse ela. “Mas deu tudo certo e estamos nos divertindo muito”.

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