Os comentários alimentaram teorias oposicionistas ventiladas há meses sobre uma luta de poder dentro da coalizão do "chavismo", hoje representado pelo presidente Nicolás Maduro (AFP / Francisco Batista)
Da Redação
Publicado em 21 de maio de 2013 às 16h39.
Caracas - Uma gravação divulgada pela oposição venezuelana supostamente revelando corrupção e suborno no governista Partido Socialista desencadeou uma nova tempestade política no país, que atravessa uma traumática transição desde a morte de Hugo Chávez.
Líderes oposicionistas apresentaram nesta segunda-feira uma gravação de uma hora na qual um homem identificado como o poderoso comentarista de TV Mario Silva, numa fala explosiva em que usa palavras de baixo calão, desanca o político Diosdado Cabelllo, um dos pesos-pesados do partido.
Eles disseram que Silva estava falando com um agente da inteligência cubana.
Silva, cujos estreitos laços com Chávez levam muita gente a considerá-lo mais poderoso do que alguns ministros, não negou que fosse sua voz, mas disse que a gravação tinha sido manipulada por agentes da CIA e da inteligência israelense.
"Eu rejeito categoricamente essa armação", afirmou.
Cabello preside o Congresso da Venezuela e é considerado um possível rival ao recém-eleito presidente Nicolás Maduro. Ele qualificou a gravação de "show da mídia" e fez um apelo pela unidade nas fileiras do governo.
Os comentários alimentaram teorias oposicionistas ventiladas há meses sobre uma furiosa luta de poder dentro da coalizão do "chavismo", a qual Chávez controlou com mão de ferro durante seus 14 anos no poder.
"O único meio de ficar livre de Diosdado é demonstrar que ele é corrupto e está corrompendo todos os demais, e mostrar provas e que (Chávez) sabia disso", disse o homem na gravação, que parecia a voz rouca e familiar de Silva.
Ele afirma que Cabello controla as agências de inteligência e está usando a Receita Federal e a equipe de controle monetário para obter "financiamento".
"Ele quer assumir o controle das Forças Armadas e forçar Maduro a fazer o que eles querem, do contrário darão um golpe", diz o homem na gravação. O homem falava com uma pessoa chamada Palácios, que a oposição identificou como sendo um agente da inteligência cubana.