O regime não reconhece a magnitude do movimento de contestação e atribui a violência no país à "terroristas" (©AFP / -)
Da Redação
Publicado em 25 de maio de 2012 às 16h02.
Damasco - Milhares de pessoas exigiram a queda do presidente Bashar al-Assad nesta sexta-feira na Síria, principalmente em Aleppo e em Idleb, no norte, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) e militantes.
Pelo menos 16 civis foram mortos pelas forças do governo nesta sexta-feira, em mais um dia de violação do cessar-fogo, que está em vigor há mais de um mês. Em meio à violência incessante, o emissário internacional das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan, decidiu viajar à Síria.
Seu porta-voz, Ahmad Fawzi, informou que Annan organiza os últimos preparativos de sua partida, mas não divulgou a data por questões de segurança.
Pouco afetada até o momento pela onda de contestação, Aleppo, a segunda maior cidade, foi palco de manifestações de milhares de pessoas nesta sexta-feira.
"Estes são os maiores protestos em Aleppo" desde o início da revolta, em março de 2011, disse o chefe do OSDH, Rami Abdel Rahman, que já havia ressaltado a importância das manifestações da semana passada.
Um manifestante foi morto e dezenas de outros ficaram feridos pelas forças regulares que dispararam com munição real e bombas de gás lacrimogêneo contra os manifestantes. Três outros civis, incluindo duas crianças, foram mortos a tiros na mesma cidade, mas não nas manifestações.
Na província de Idleb (noroeste), "milhares de manifestantes também marcharam" nas localidades de Maaret al-Noman, Kafrnoubol, Saraqeb, Hass e Sarge, ocupadas pelos rebeldes, indicou Abdel Rahman.
Em Binneche, na mesma província, sob os aplausos de centenas de manifestantes, cerca de vinte pessoas carregaram grandes letras em papelão para formar as frases em inglês: "We are not terrorists" (Não somos terroristas) e "Our demand is freedom" (Nós queremos liberdade).
O regime não reconhece a magnitude do movimento de contestação e atribui a violência no país à "terroristas".
Apesar dos bombardeios e tiroteios, milhares de manifestantes também se reuniram em Hama e Homs (centro), Deir Ezzor (leste) e Deraa, berço da insurgência no sul. Onze pessoas morreram nessas regiões, de acordo com OSDH.
Os ativistas pró-democracia convocaram as manifestações desta sexta-feira sob o lema "Nosso próximo encontro, em Damasco", exortando a intensificação do movimento na capital, ocupada pelos agentes de segurança.
No início da tarde, a polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar manifestantes no distrito histórico de Midane, em Damasco, de acordo com a OSDH, que relatou várias outras manifestações na capital e subúrbio, onde uma criança foi morta por um atirador em Irbine.
Ao amanhecer, os manifestantes tomaram as ruas de vários bairros, Tadamone, Fahamé, Tabbalé, Al-Assali e Jobar, para prestar homenagem ao Exército Sírio Livre (ESL, formado principalmente por desertores).
Desde o início da revolta, as localidades e bairros da periferia de Damasco lideram a contestação, especialmente Duma, Harasta, Mouadamiyé e, mais recentemente, Zabadani e Barzé, enquanto o centro permanece pouco afetado, a repressão é particularmente forte.
"O Exército Sírio Livre está chegando. Fujam, covardes chabbiha!", estava escrito em um cartaz no bairro rebelde de al-Assali, em referência às milícias civis do regime.
Segundo o OSDH, mais de 12.000 pessoas morreram na Síria desde março de 2011, a maioria civis mortos por forças do governo, que reprime uma contestação sem precedentes contra o regime.
Em um relatório divulgado na quinta-feira, os investigadores a serviço do Conselho de Direitos Humanos da ONU acusaram o exército sírio e os serviços de segurança de cometerem "as mais graves violações aos direitos Humanos" e de continuar a praticar tortura, incluindo a de crianças.
Além disso, um grupo de peregrinos xiitas libaneses sequestrado na Síria em 22 de maio, foi liberado e chegaram na Turquia, disse à AFP o ministro libanês da Saúde, Ali Hassan Khalil.