Devastação da floresta amazônia no Estado do Pará, norte do Brasil: região conta com a maior selva tropical do mundo, além de possuir uma das principais fontes de água doce do planeta (Antonio Scorza/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de novembro de 2011 às 07h56.
Manaus - Chanceleres dos países amazônicos trabalharão para o sucesso da cúpula climática do Rio em 2012 e para conservar a maior floresta tropical do planeta, ameaçada pelo desmatamento e pelo tráfego ilegal de recursos, segundo afirmaram chanceleres reunidos nesta terça-feira em Manaus.
"Foi uma das reuniões mais produtivas que tivemos", disse o chanceler Antonio Patriota, ao destacar, entre outras questões, a disposição do Brasil em financiar projetos para a proteção florestal nas regiões fronteiriças.
Patriota, seus homólogos e delegados de Bolívia, Colômbia, Equador, Guaiana, Peru, Suriname e Venezuela assumiram novos compromissos para evitar que a Amazônia seja alvo de desmatamento e o tráfico ilegal de madeira e minerais.
A região conta com a maior selva tropical do mundo, além de possuir uma das principais fontes de água doce do planeta. Sua preservação motivou, em 1978, a subscrição do Tratado de Cooperação Amazônico por parte dos oito países que a compartilham.
Os governos amazônicos assinaram uma declaração de 26 pontos a favor de "um desenvolvimento e modos de vida sustentáveis, em harmonia com a natureza e os ecossistemas".
O Brasil, país com maior extensão do território amazônico, anunciou sua intenção de canalizar 20 milhões de dólares para o "financiamento de projetos de monitoramento da cobertura florestal".
Os recursos provêm do Fundo Amazônico, que entre 2009 e 2011 recebeu doações de quase 58 milhões de dólares, longe dos 1 bilhão de dólares fixados como meta inicial.
"Compartilhar dados florestais entre os países amazônicos facilitará a adoção de políticas coordenadas de combate ao desmatamento, e permitirá que estejamos mais preparados para as discussões internacionais sobre o desenvolvimento sustentável", afirmou Patriota.
Em 2010, a Amazônia brasileira perdeu 7.000 km2 de selva, uma cifra menor que a de 2003-2004, quando superou os 27.700 km2.
Entre as principais causas da destruição da floresta estão os incêndios, o avanço da agricultura e da pecuária, e o tráfico ilegal de madeira e minerais, segundo as autoridades.
Além do chanceler brasileiro, o encontro contou com a participação dos chanceleres do Equador, Ricardo Patiño, do Suriname, Winston Lackin, da Venezuela, Nicolás Maduro, e enviados dos demais países membros do OTCA.
O Equador, por sua vez, recebeu um novo apoio para uma proposta inovadora contra o aquecimento global, que consiste em não explorar suas reservas de petróleo na Amazônia, em troca de uma compensação internacional de 3,6 bilhões de dólares, ao longo de 12 anos.
Com área de sete milhões de quilômetros quadrados, a Amazônia abriga 40.000 espécies de plantas, milhões de espécies animais e 420 povos indígenas, 60 dos quais vivem em isolamento.
No total, vivem na região 38,7 milhões de pessoas, segundo a OTCA.
As autoridades reunidas em Manaus anunciaram também que contribuirão para o sucesso da cúpula da ONU sobre o meio ambiente (Rio+20), que se realizará em junho do ano que vem no Rio de Janeiro.
A Rio+20 debaterá um modelo de economia verde para o planeta que leve também em conta a inclusão social e a erradicação da pobreza.