Repórter
Publicado em 6 de novembro de 2025 às 18h18.
O governo do presidente Donald Trump reconheceu nesta quinta-feira, 6, diante do Congresso que, por enquanto, não tem uma justificativa legal para um ataque militar à Venezuela. A Casa Branca também afirmou que, no momento, não há planos para incursões no país sul-americano, como parte da campanha norte-americana de combate ao tráfico de drogas.
Os secretários de Estado, Marco Rubio, e de Defesa, Pete Hegseth, apresentaram aos congressistas os detalhes da campanha antidrogas de Trump, que ordenou uma série de ataques a supostas embarcações de narcotraficantes no Caribe e no Pacífico, segundo informações da agência Reuters.
Durante a reunião, que contou também com a presença de membros do Departamento de Justiça, foi especificado que a "ordem de execução" que iniciou em setembro a operação antidrogas em águas internacionais — perto da costa da Venezuela, no Caribe, e da Colômbia, no Pacífico — não se aplica a alvos terrestres.
No entanto, o governo dos Estados Unidos não descartou a possibilidade de futuras ações militares contra instalações e líderes de cartéis no território venezuelano, segundo a CNN.
Trump reiterou que ataques terrestres estão sendo avaliados, isso num momento em que 0 republicano intensifica a retórica contra o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a quem acusa de liderar uma "rede de narcotráfico".
Em uma demonstração de força militar, os EUA mantêm nas águas do Caribe oito navios de guerra — incluindo seis contratorpedeiros, três navios anfíbios e um submarino — em uma operação considerada uma das maiores desde a Guerra do Golfo Pérsico (1990-1991). Além disso, o porta-aviões nuclear Gerald R. Ford, o maior e mais moderno da frota americana, também está a caminho da região, tendo passado pelo estreito de Gibraltar na terça-feira.
A operação gerou críticas de países como Venezuela, Colômbia, Brasil, Nicarágua e Cuba, que se opuseram à presença militar americana na região.
O governo dos Estados Unidos informou ter conduzido 13 ataques desde setembro contra embarcações próximas à costa da Venezuela e, mais recentemente, em áreas do leste do Oceano Pacífico.
Segundo o secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, as ações resultaram na morte de mais de 60 pessoas e fazem parte da ampliação da presença militar no Mar do Caribe.
As autoridades norte-americanas afirmaram que as embarcações atingidas transportavam entorpecentes, embora não tenham apresentado evidências que sustentem essa alegação.
A falta de comprovação gerou questionamentos por parte de líderes estrangeiros, membros do Congresso dos EUA, especialistas em direito internacional e familiares das vítimas, que passaram a exigir a divulgação de provas concretas sobre os alvos atacados, segundo a Reuters.
A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos classificou como "inaceitáveis" os ataques realizados pelos Estados Unidos contra supostos traficantes de drogas na costa da América do Sul. Segundo ela, as ações violam os direitos humanos. O governo da Venezuela também condenou os bombardeios, afirmando que são ilegais, configuram assassinato e representam uma agressão a um Estado soberano.
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusou Donald Trump de promover uma tentativa de mudança de regime no país. Apesar das acusações, o líder norte-americano minimizou essas alegações, mesmo com relatos indicando contatos próximos entre o governo dos EUA e setores da oposição venezuelana.
Desde setembro, os Estados Unidos intensificaram sua presença militar na região do Caribe. O reforço inclui um submarino de propulsão nuclear e uma frota de navios de guerra, entre eles o maior porta-aviões do mundo. Em resposta, o governo venezuelano mobilizou dezenas de milhares de soldados e reforçou a segurança em todo o território nacional.